Roberto de Andrade entrou assobiando na sala de imprensa do CT Joaquim
Grava, seguido de perto pelo diretor de futebol Eduardo Ferreira e pelo
coordenador Alessandro, no final da tarde desta quarta-feira. Talvez
para disfarçar o seu nervosismo. Quando se sentou e começou a falar
diante das câmeras de televisão, o presidente do Corinthians não conteve
a revolta com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que contratou
o técnico Tite para suceder Dunga no comando da Seleção Brasileira.
"Não sei nada de CBF e não quero saber. Estou p…, para ser bem exato,
pela maneira como vieram tirar o Tite daqui", disse Roberto, que se
antecipou ao técnico e à própria CBF ao anunciar o acerto. "Não recebi
um telefonema do presidente da CBF (Marco Polo Del Nero). Esse é o
respeito que a CBF tem pelos clubes. O Corinthians merecia um pouco mais
de respeito. O Tite merece a Seleção Brasileira, por tudo o que é. Mas a
Seleção não merece uma pessoa como o Tite. Eles não estão acostumados
com alguém com ética. Agiram de maneira sorrateira", esbravejou.
Durante toda a entrevista coletiva que concedeu, Roberto de Andrade se
enervou quando o assunto era Del Nero ou a CBF. Questionado se a sua
indignação representava um rompimento entre o Corinthians e entidade,
ele quase recuou. "Não sei se posso chamar de ruptura. Mas não estou
satisfeito", reforçou, logo cedendo à irritação. "Podemos chamar de
ruptura, sim."
Roberto de Andrade dizia até esta quarta-feira que não acreditava em
uma saída de Tite para a Seleção Brasileira. O técnico havia estado na
sede da CBF no Rio de Janeiro na noite anterior para ter uma longa
conversa com Del Nero, no entanto, e voltou disposto a aceitar o convite
com que sonhava desde 2014 (quando se dedicou aos estudos, na esperança
de ocupar o lugar de Luiz Felipe Scolari). Nesta tarde, comandou
treinamento no Corinthians e comunicou a sua decisão ao presidente do
clube.
Segundo Roberto, a história contaria com o mesmo final se Del Nero
tivesse contatado o Corinthians antes de abrir negociação com Tite, que
levará consigo o auxiliar Cléber Xavier, o filho Matheus e o dirigente
Edu Gaspar. "Agindo de outra forma, tudo aconteceria do mesmo jeito.
Sabemos que todos têm o direito de querer o melhor para as suas vidas.
Então, não seria diferente se falassem comigo. Mas, se querem o respeito
do Corinthians e de qualquer outro clube, deveriam ter feito isso. Isso
mostra como a CBF faz tudo sorrateiramente. É algo que não admito",
bradou.
O mandatário corintiano ainda ressalvou que não tem receio de sofrer
represálias em função do seu discurso inflamando. "Graças a Deus, não
preciso da CBF para nada. Vão fazer o quê? Tirar o Corinthians da
organização do futebol? Exijo respeito, que foi o que faltou. E
bastante", apontou, destemido até em relação à arbitragem do Campeonato
Brasileiro. "Não temo nada. Vão colocar juiz para apitar contra nós?
Isso não existe. É brincadeira! Aí, teríamos que chegar lá e fazer uma
revolução. Era só o que faltava."
A revolta de Roberto de Andrade só não respingou em Tite. O presidente
reiterou que considera o gaúcho o maior técnico da história do
Corinthians, embora sem tanta empolgação. "Só temos a agradecer a ele e a
todos que vão acompanhá-lo na CBF", afirmou. Não está programada - ao
menos por enquanto - uma festa de despedida para o novo técnico da
Seleção Brasileira. A partir do jogo contra o Fluminense, nesta
quinta-feira, em Brasília, o clube terá interinamente Fábio Carille como
seu comandante.
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