Parece história da época da Revolução
Industrial na Inglaterra, mas não é. Para dar mais velocidade à linha
produtiva, multinacionais de diferentes ramos obrigam seus funcionários a
usar fralda geriátrica, proibindo-os de ir ao banheiro. Em pleno século
XXI, casos como esses seguem se repetindo.
NISSAN

Colaboradoras da fábrica relatam que
foram orientadas pela chefia a usar fraldas, embora tenha havido
resistência por parte delas. O motivo: acabar com pausas e interrupções
com idas ao banheiro.
Em fevereiro desse ano, houve protestos
no centro do Rio em frente à sede do Comitê Organizador dos Jogos
Olímpicos e Paraolímpicos – Rio 2016 contra as condições de trabalho
impostas pela Nissan nos EUA. A marca patrocina o evento esportivo.
SETOR AVIÁRIO

Segundo a Organização Oxfam América, que
denunciou o caso por meio de relatório publicado em maio desse ano, a
imensa maioria dos 250 mil trabalhadores do setor nos EUA são forçados a
usar fralda no ambiente de trabalho.
Foram centenas de entrevistas com
funcionários da linha de produção das maiores empresas do processamento
de aves. Trabalhadores que pedem para ir ao banheiro são ameaçados de
demissão. Muitos, por evitar beber líquidos durante muito tempo,
suportam dores consideráveis para manter seus empregos.
A Oxfam alega inadequação nas pausas no
trabalho, o que viola as leis norte-americanas de segurança no trabalho.
A organização, em seu relatório, ainda traz dados de 2013 da associação
Southern Poverty Law Center do estado do Alabama sobre condições de
trabalho.
Por lá, dos 266 trabalhadores que
participaram da pesquisa, quase 80% não pode ir ao banheiro. Já no
Minnesota, em material realizado pela Greater Minnesota Worker Center
lançado em abril, ao norte dos EUA, 86% dos trabalhadores pesquisados
afirma ter menos de duas paradas para ir ao banheiro por semana.
WAL MART

Abusos cometidos pela multinacional
foram divulgados por pesquisadores no livro Riqueza e Miséria do
Trabalho no Brasil, organizado pelo professor titular de Sociologia no
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp), Ricardo Antunes. O assunto do uso de fraldas
foi abordado por ele durante palestra no II Seminário – A Receita
Federal e o Interesse Público, em Campinas-SP.
Já detectamos várias tentativas de se
trazer ao Brasil essa prática do uso de fraldas geriátricas,
revela Ricardo Antunes. “Há abusos desse gênero documentados, tramitando
na Justiça do Trabalho no Brasil”, informa.
Recentemente, o maior fornecedores de
camarão do Wal Mart, sediado na Tailândia, foi descoberto utilizando
escravos. O caso foi denunciado por veículos como o The Guardian e a
Fortune.
EMPRESA SUL-COREANA
Em 2013, a multinacional sul-coreana
Lear, fabricante de arnese (tipo de gancho usado para alpinismo), foi
denunciada por impor a funcionários, principalmente mulheres, o uso de
fraldas para não abandonar a posição com idas ao banheiro. O caso foi
registrado em fábrica da empresa em Honduras, país da América Central,
que contava com 4 mil empregados.
A denúncia foi feita por um dirigente
sindical. Daniel Durón contou que só foi possível divulgar o caso após
pressão de autoridades internacionais. Mesmo tendo repercussão no mundo
todo, a Lear tentou resistir e impedir o acesso dos órgãos hondurenhos
de fiscalização do trabalho.
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