Em decisão que conta pontos para a
transparência da companhia, diesel fica 9,5% mais caro e gasolina 8,1%,
nas refinarias. Empresa alega alta na cotação do barril e do dólar
Em linha com a política de preços para os combustíveis que criou há
apenas dois meses, e alheia a um possível impacto negativo na economia e
na política em momento delicado para o governo, a Petrobras acaba de
anunciar reajuste de 9,5% no diesel e de 8,1% na gasolina que saem de suas refinarias.
De acordo com a empresa, a decisão foi tomada pelo Grupo Executivo de
Mercado e Preços, na tarde desta segunda-feira (5), ao observar o
aumento nos preços do petróleo e derivados e desvalorização do câmbio
recente. Como “fator de conforto” para tomar a medida, a empresa diz ter
identificado sinais de recuperação da economia.
Se o ajuste for
integralmente repassado, calcula a empresa, o preço ao consumidor final
será 5,5% mais alto no diesel, ou cerca de R$ 0,17 por litro. Na
gasolina será 3,4% superior, ou R$ 0,12 por litro.
É a terceira
revisão de preços que a Petrobras realiza desde que instituiu a nova
política de combustíveis, e a primeira vez que promove ajuste para cima.
A medida chama a atenção também porque é anunciada em meio à crise
política que abate o governo de Michel Temer, denotando uma mudança em relação à política anterior, em vigor nos governos de Dilma Rousseff, em que as oscilações de preços no mercado externo não eram repassadas aos combustíveis.
Apesar
de economicamente negativa, demonstra, ao menos até aqui, um esforço
maior pela transparência. O represamento de preços, contrário à
tendência de alta, entre 2011 e 2014, custou mais de R$ 100 bilhões à
empresa e contribuiu fortemente para seu endividamento. A resistência em
cortar os preços que vigorou entre 2015 e 2016, enquanto eles estavam
em queda lá fora, teve um efeito positivo de arrecadar mais de R$ 40
bilhões para a empresa, mas lhe valia, igualmente, críticas por falta de
transparência.
É verdade, porém, que o risco inflacionário neste
momento não é tão elevado, o que reduz o impacto negativo potencial na
economia, facilitando o trabalho da diretoria comandada por Pedro
Parente. Há pelo menos um mês, o mercado tem reduzido as expectativas
para fechamento do IPCA, índice oficial da inflação calculado pelo IBGE,
tanto em 2016 quanto em 2017. Para este ano, de acordo com o boletim
Focus, a expectativa de inflação caiu de 6,88% para 6,69% em 2016 e de
4,93 para 4,92% no ano que vem.
O
preço do barril de petróleo no mercado internacional saiu da casa de
US$ 44 para US$ 54 em pouco mais de 20 dias. O movimento de alta mais
forte coincide com o anúncio, pela Organização dos Países Exportadores
de Petróleo (Opep), de corte na produção de 3,26%, como tentativa de
elevar, no médio prazo, a cotação para US$ 65.
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