A mamografia, exame que detecta o câncer de mama, aliado ao exame
clínico e ao autoexame são considerados elementos essenciais para a
prevenção de novas mortes pela doença, disse hoje (5) o presidente da
Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), Antônio Luiz Frasson. Neste
domingo, é celebrado o Dia Nacional da Mamografia.
Segundo a SBM, o Brasil registra 58 mil casos de câncer de mama por ano
e a maioria é detectada com lesões muito grandes. "Aproximadamente 50%
dos casos são detectados com mais de 5 centímetros. Isso significa que
existe um descaso com o problema", informou Frasson. Outra dificuldade,
segundo ele, é o acesso ao tratamento quando a mulher detecta um tumor.
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O presidente da SBM disse que o retardo do diagnóstico preocupa a todos
os mastologistas. Cada milímetro de tumor implica risco de mais ou
menos 1% de que a doença se espalhe. Caso se detecte um tumor de 5
centímetros, o risco de que, no momento do diagnóstico, já exista
metástese é muito alto.
Diagnóstico precoce
A importância do diagnóstico precoce, que é feito com exame clínico e
que permite identificar lesões de 2 centímetros, é destacada pela
Sociedade Brasileira de Mastologia. Com a mamografia, são identificadas
lesões muitas vezes milimétricas. A SBM recomenda que a mamografia seja
feita a partir dos 40 anos, porque em muitas regiões do Brasil a
incidência de câncer de mama em mulheres entre 40 e 50 anos não é
pequena. Varia entre 20% e 40%, informou o especialista.
Antônio Luiz Frasson explicou que não é recomendada a mamografia antes
dos 40 anos porque a mama é bastante densa nessa faixa etária, o que
reduz a eficácia do exame. Para o grupo de mulheres com menos de 40
anos, a instituição procura orientar sobre os fatores de risco, em
especial a história familiar. No grupo de mulheres com risco familiar,
recomenda-se um acompanhamento a partir dos 20, ou no máximo, 25 anos.
"Nós orientamos muito sobre a questão dos fatores de risco,
especialmente relacionados com a história familiar, porque quando existe
um risco familiar é muito comum que os tumores apareçam antes dos 40
anos. Para essa população com menos de 40 anos e com histórico familiar,
recomendamos ultrassom e ressonância de mama, que são exames mais
sensíveis nessa faixa etária", disse Frasson.
Ele confirmou que existe no Brasil a percepção de que um grande número
de casos de tumor de mama está ocorrendo antes dos 40 anos. Para esse
grupo de mulheres, a orientação é que quando façam revisão ginecológica,
o próprio ginecologista avalie a mama e fique atento a qualquer queixa
mamária. "Qualquer alteração na mama deve desencadear uma investigação".
Entre essas alterações, estão caroços nos seios; alergia nos mamilos;
pele retraída; inchaço e sensação de calor; ferida nos seios; mudança na
pele ao redor do mamilo; secreção pelo bico do seio. A própria mulher,
no autoexame, deve estar atenta a esses sinais. "Ninguém melhor do que a
própria mulher para perceber alterações precocemente".
Peculiaridades
Antônio Luiz Frasson destacou que o país tem peculiaridades diferentes
da Europa e dos Estados Unidos, onde as pessoas fazem muita avaliação.
"Você pega tumores muito menores". Vinte e cinco por cento dos tumores
na Europa, por exemplo, não são palpáveis; são muito pequenos e
descobertos por exames. No Brasil, isso não atinge 5% dos casos.
"Então, no Brasil, a gente recomenda muito o autoexame, porque a mulher
conhecendo e estando acostumada com a avaliação da própria mama, frente
a qualquer alteração ela pode perceber e investigar". O autoexame deve
ser feito após o período menstrual, quando a mama está menos inchada e
mais suscetível a perceber qualquer alteração. Havendo qualquer mudança,
a mulher deve procurar um médico para que a investigação seja feita.
Frasson reiterou que o problema do câncer de mama no Brasil é muito
sério, porque além do retardo do diagnóstico, existe uma dificuldade no
atendimento no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), onde as pessoas
podem levar mais de seis meses para conseguir acesso. "Às vezes, a
pessoa detecta o tumor, mas até conseguir uma consulta no posto de saúde
e ser encaminhada a um hospital de referência para investigação, pode
levar de seis meses a um ano. Esse processo tem que ser agilizado
também".
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