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quinta-feira, 7 de maio de 2015

Juiz recém-empossado no Distrito Federal já foi borracheiro, costureiro e lavador de carros

Rolando Spanholo, 38 anos, juntou 200 kg de resumos das matérias que estudou durante o tempo que levou para se tornar juiz federal
Dos nove aos 15 anos, o gaúcho Rolando Valcir Spanholo, ao lado do pai e dos quatro irmãos, consertava pneus e lavava carros. Agora, aos 38, diz que uniu motivação e disciplina para, após se graduar em Direito, ser empossado como juiz federal.

Spanholo é de Sananduva, cidade de 16 mil habitantes localizada no noroeste do Rio Grande do Sul. Ele conta que foi influenciado por um professor, já perto do final da graduação, a se tornar juiz. Costumava trocar de roupas com os irmãos para não repetirem todos os dias o mesmo vestuário na universidade. E assim foi levando até se formar.

O novo juiz federal acumulou, durante o tempo que levou para se tornar magistrado, aproximadamente 200 kg de folhas de estudo, xerox e resumos. Um material impressionante. Ele afirma que a disciplina rígida para estudar veio justamente da condição difícil de sua família. Ao se juntarem rumo ao mesmo objetivo, os cinco irmãos conseguiram ingressar em uma faculdade de Direito distante 250 km da casa deles. As mensalidades eram pagas com o trabalho de fazer bordados e costurar cortinas e edredons.

Ao se habilitar para dirigir, Rolando passou a trabalhar também vendendo os produtos feitos com os irmãos. Ia de porta em porta, passando pelos munícipios da região, e, para economizar, almoçava dentro do carro, debaixo de uma árvore, comendo fatias de pão caseiro com frango empanado frio, torradas e água.

Trabalhar e estudar ao mesmo tempo era difícil para o rapaz. O horário da faculdade era à noite, então chegava em casa no final da tarde e pegava um ônibus para assistir às aulas. Nem sempre conseguia tomar banho antes. Nem sempre, sequer, conseguia ir. Não eram raras as semanas em que ele faltava, em média, por dois dias, o que lhe fez ficar "de recuperação" em todos os semestres do curso.

Spanholo nunca teve a famosa "peixada" para galgar os degraus da profissão. Então só conseguiu fazer a seleção para a Escola Superior da Magistratura, que  oferece cursos de preparação e de aperfeiçoamento para interessados na área, quando já estava com 22 anos, depois que um professor seu insistiu. A instituição fica em Porto Alegre, a 367 km de Sananduva.

A distância se tornou mais um obstáculo a ser superado. Ao se formar, Rolando passou a ser concurseiro. De 1999 a 2003, quase foi aprovado como promotor, juiz do trabalho, juiz estadual e procurador, tendo que desistir porque sua esposa dera à luz o filho do casal. O sonho de se tornar magistrado teve que ser adiado até 2010, quando resolveu retomá-lo na área federal. Foi difícil para ele, já que havia passado muito tempo parado e ficado enferrujado.

Até finalmente conseguir ser aprovado no concurso que o tornou juiz federal, Rolando passou por várias reprovações. Ainda assim, ele crê que valeu a pena, já que adquiriu experiência "em calcular e antecipar as notas de cortes das provas objetivas dos concursos".

O resultado do concurso para o Tribunal Regional Federal saiu em novembro de 2014, e Spanholo ficou entre os 60 primeiros colocados. Dentre seus colegas aprovados, está a ex-modelo e miss Distrito Federal em 2011, Alessandra Baldini, de 28 anos, e que enfrentou vários preconceitos por causa de suas ocupações anteriores.

O juiz Rolando diz que não pretende transformar sua história de vida em livro ou em qualquer outro tipo de publicação, mas se espanta com a popularidade que alcançou e com a quantidade de gente que o procura, dizendo que se inspirou nele não só para a carreira, mas para a vida também.

Fonte: diariodepernambuco.com.br

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