Desde há uns anos para cá, o gelo marinho do Ártico está a tornar-se
progressivamente mais verde. Esta característica intrigava os cientistas
pois não eram claras as razões.
Segundo a publicação da Science Advances, as razões agora descobertas estão a alarmar os cientistas.
Os investigadores inicialmente calculavam que o verde tinha que vir de plantas marinhas microscópicas, chamadas fitoplâncton.
Estas estavam a crescer sob o gelo. Mas isso não fazia sentido – o
fitoplâncton precisa de luz para a fotossíntese, e o Ártico é
supostamente escuro demais para que este sobreviva.
Agora, uma equipa internacional de investigadores solucionou o
enigma. Este tom esverdeado tem a ver com o recorde de baixos níveis de
gelo marinho na região. A fina camada que agora existe já não barra a
luz solar e esta já não é reflectida, ela passa mesmo e é absorvida
pelos lagos de gelo derretido.
Era já conhecido que a espessura do gelo estava a diminuir e gelo
mais antigo estava já expostos. Estas informações de satélite, contudo,
não conseguem ver através do gelo e avaliar as condições por baixo
deste. Para conseguir obter dados destas condições, o investigador Chris
Horvat, da Universidade de Harvard (EUA), e os seus colegas tiveram que
encontrar uma nova forma para obter respostas.
A equipa construiu uma simulação computacional das condições do gelo
do mar de 1986 até 2015, e confirmaram que não só a espessura do gelo
estava a diminuir, como os lagos de gelo derretido estavam a aumentar.
Estas provas mostram que o gelo de facto está mais fico no Ártico e
em níveis nunca apurados antes. Assim, á fácil explicar o aumento de
colónias de fitoplâncton que estão a crescer debaixo deste gelo à medida
que a luz penetra no oceano.
A simulação da equipa revelou que há 20 anos, apenas 3 ou 4% do gelo
marinho do Ártico era suficientemente fino para permitir grandes
colônias de plâncton. Contudo, em 2015 o valor ascende já a cerca de 30% do gelo marinho do Ártico que está frágil o suficiente para permitir o desenvolvimento das colónias de fitoplâncton nos meses de verão.
A evolução das condições climatéricas e das mudanças drástica
atmosféricas no mundo em geral não devem permitir que esta tendência de
crescimento das colónias mude.
Mas é preocupante para o Ártico?
Se as condições no Ártico começarem a ficar muito hospitaleiras para o
fitoplâncton, este cenário poderá mudar a base da rede alimentar do
mundo. Se cresce no Ártico, vai diminuir em muitos outros lugares.
Como refere a cientista Katharine Hayhoe, da Universidade de
Tecnologia do Texas, num comunicado de imprensa, “O que acontece no
Ártico não fica no Ártico, todo este planeta está interligado”.
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