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domingo, 4 de setembro de 2016
Indústria registra quinto mês de alta
Ritmo
do setor cresce 0,1% em julho sobre junho, mas no ano queda ainda é de
8,7%. Analistas adotam cautela e evitam apostar na retomada
Fábricas
de 11 setores têm expansão em julho, enquanto em outros 13 houve
desaceleração (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press - 29/3/16)
São
Paulo – A produção industrial brasileira teve sua quinta alta mensal
consecutiva em julho, algo que não acontecia desde 2012, mas ainda assim
a recuperação é tímida, segundo apontam analistas. A produção
industrial subiu 0,1% em julho ante junho, na série com ajuste sazonal,
segundo informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), que também revisou a produção de junho de 1,1% para 1,3%. Em
relação a julho de 2015, a produção caiu 6,6%, na 28ª queda consecutiva.
No ano, mesmo com os cinco ganhos mensais consecutivos, a queda
acumulada ainda é de 8,7%. Em 12 meses, o recuo é de 9,6%. Segundo o
Banco Fator, a produção do setor está 18,2% abaixo do nível recorde
atingindo em junho de 2013.
Saiba maisSegundo
o instituto, 11 dos 24 ramos pesquisados apontaram taxas positivas, com
destaque para o avanço de 2% registrado nos produtos alimentícios, após
dois meses consecutivos de queda, com uma perda acumulada de 6,4% nesse
período. Outras contribuições positivas de destaque foram o crescimento
da produção de indústrias extrativas (1,6%), de equipamentos de
informática, produtos eletrônicos e ópticos (5,8%), da metalurgia
(1,6%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (0,4%) e
de produtos de borracha e de material plástico (1,3%).
Entre os
13 ramos que reduziram a produção no mês, os desempenhos de maior
relevância vieram de perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de
higiene pessoal (-2,8%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-7,3%),
veículos automotores, reboques e carrocerias (-1,7%), artefatos de
couro, artigos para viagem e calçados (-6,0%), produtos do fumo
(-15,1%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (-2,4%) e
outros produtos químicos (-3,2%). Todas essas atividades haviam apontado
taxas positivas em junho.
A produção da indústria de bens de
capital caiu 2,7% em julho ante junho. Na comparação com julho de 2015, o
indicador mostra queda de 11,9%. No acumulado de 2016, houve queda de
18,5% na produção de bens de capital. Em 12 meses, o resultado é de
retração de 24,7%. Em relação aos bens de consumo, a pesquisa registrou
queda de 1% na passagem de junho para julho. Na comparação com julho de
2015, houve recuo de 8,3%. No acumulado do ano, a queda é de 6,9%,
enquanto a taxa em 12 meses é de recuo de 8,6%.
Estoques
A economista da CM Capital Markets Jéssica Strasburg aponta que os
setores farmacêutico e de veículos puxaram para baixo a produção
industrial de julho, o que explica a diferença do resultado em relação à
sua projeção, que era de alta de 0,5%. Mesmo assim, ela afirma que a
confiança da indústria continua subindo e que a produção deve seguir
melhorando nos próximos meses. “Para quem vinha de uma sequência tão
ruim de baixa, uma alta de 0,1% pode ser comemorada. A indústria acumula
cinco meses consecutivos de ganhos”, argumenta. A analista indica que,
entre as categorias, apenas bens intermediários subiu na margem (+1,6%),
enquanto bens de consumo recuou 1%, com baixa de 1,9% em não duráveis e
alta de 3,3% em duráveis. Já a produção de bens de capital teve
retração. “Investimento de fato não está acontecendo”, admite.
O
economista-sênior do Haitong, Flávio Serrano, indica que o avanço em
bens intermediários foi puxado por segmentos como metalurgia, derivados
de petróleo, óptico e produtos de borracha e plástico, o que retrata uma
demanda de insumos mais forte da própria indústria. “Em linhas gerais, a
dinâmica industrial do segundo trimestre mostrou recuperação com
recomposição de estoques e julho, mesmo de lado, aponta para possível
uma recuperação (da economia) no terceiro trimestre”, diz.
Com
uma visão menos otimista, o economista-chefe da consultoria Lopes Filho
& Associados, Julio Hegedus Netto, afirma que a recente melhora na
indústria vem mais de um ajuste de estoque do que de um aumento na
capacidade produtiva. “O que chama atenção é que a produção de bens de
capital está recuando muito, com contração de 11,9% na comparação
interanual. Não temos uma verdadeira retomada na indústria, porque por
enquanto está se usando a capacidade instalada já existente”, aponta.
Varejo Após
ter chegado ao fim do poço, o varejo deve iniciar um processo de
retomada até o fim do ano. Pelo menos é o que esperam os empresários do
setor. De acordo com pesquisa realizada em parceria pela Confederação
Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) e o Serviço de Proteção ao
Crédito (SPC Brasil), 48% dos varejistas acreditam que o segundo
semestre será melhor em termos de vendas e receitas do que a primeira
metade do ano. O entusiasmo dos empresários é superior em relação ao
início do ano. Em janeiro, 39,5% dos empresários consultados acreditavam
que o primeiro semestre seria melhor que os últimos seis meses de 2015.
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