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quarta-feira, 14 de agosto de 2024

O que querem os maiores CEOs do aço no Brasil, responsáveis por milhares de empregos?

 Painel com CEOs do aço. Da esquerda para a direita: Silvia Nascimento (AVB), Gustavo Werneck (Gerdau), Marco Polo de Mello (Instituto Aço Brasil), Jefferson de Paula (ArcelorMittal) e Marcelo Chara (Usiminas)

Painel com CEOs do aço. Da esquerda para a direita: Silvia Nascimento (AVB), Gustavo Werneck (Gerdau), Marco Polo de Mello (Instituto Aço Brasil), Jefferson de Paula (ArcelorMittal) e Marcelo Chara (Usiminas)Com milhares de pessoas empregadas no Brasil e em Minas Gerais, o que pensam os CEOs das maiores empresas de aço sobre o mercado em 2024 e as perspectivas para 2025? Após um 2023 com paralisações e demissões, os líderes falam com relativo alívio sobre um futuro próximo mais estável.

O Congresso Aço Brasil 2024 congrega alguns dos principais nomes do setor em São Paulo nesta semana. Em seu último painel, reuniu os CEOs da Aço Verde Brasil (AVB), da ArcelorMittal, da Gerdau, da Usiminas. Na fala de todos eles, surge a ameaça da China, cujas exportações abalam a produção nacional, e a necessidade de reindustrialização do Brasil.

A grande notícia do aço em 2024 é o aumento da taxação dos importados, que começou a valer em junho — mês que registrou 23% de queda de produtos de outros países no Brasil em comparação a maio. Para os CEOs, que vinham há meses apontando o que dizem ser uma concorrência desleal da China, que tem subsídios estatais na produção, esse é o primeiro passo para conter as perdas do setor.

“Veremos resultados melhores no restante de 2024. Em 2025, acho que, com o sistema em vigor no ano todo, sendo monitorado e eficiente, não veremos resultados maravilhosos, mas melhores. Cada empresa, na sua região, tem um efeito social muito importante. O país como um todo tem que entender a importância de termos uma indústria do aço forte”, pontuou a CEO da AVB, Silvia Nascimento.

Inicialmente, a nova tarifa do aço importado permanecerá em vigor até junho de 2025, mas o setor espera que o prazo possa ser prorrogado, caso seja necessário. A projeção do Instituto Aço Brasil é que as importações caiam 7% em 2024, depois de uma alta de 50% em 2023. Para o presidente da ArcelorMittal Brasil e CEO da ArcelorMittal Aços Longos e Mineração Latam, Jefferson De Paula, isso significa pelo menos um freio nas dificuldades. “2024 ainda será um ano difícil. Será brilhante? Não, mas será um ano razoavelmente melhor do que o ano passado. Em 2025, acredito que continuaremos a andar de lado”, complementou Jefferson

O conselheiro do Instituto Aço Brasil e presidente da Usiminas, Marcelo Chara, reforçou a importância da valorização da mão de obra e da produção locais neste momento de enfrentamento à ofensiva das importações. “A Usiminas investiu R$ 2,7 bilhões no Alto-Forno 3, hoje operando em plena produção. Desses R$ 2,7 bilhões, R$ 1 bilhão foi investido em empresas que fornecem serviços e bens no Vale do Aço. Elas competem, algumas até exportam. Temos uma oportunidade extraordinária no Brasil de recuperar a industrialização e trabalhar em equipe”.

Na mesma linha, posicionou-se o CEO, diretor-presidente da Gerdau e conselheiro do Instituto Aço Brasil, Gustavo Werneck: “a indústria do aço não precisa de proteção, mas de defesa. O compromisso que assumo com vocês agora é que, do nosso lado, trabalharemos intensamente para trabalhar com os setores produtivos do Brasil para termos um debate mais profundo sobre o que é interesse de toda a indústria nacional”.

‘O Brasil precisa se reencontrar com sua indústria’

O investimento do governo na indústria deve crescer neste mês, parte do programa Nova Indústria Brasil (NIB), lançado em janeiro deste ano. Durante o Congresso do Aço 2024, o secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MCDIC), Márcio Fernando Elias Rosa, anunciou que o valor inicialmente previsto, de R$ 300 bilhões até 2026, aumentará para R$ 360 bilhões, parte de um plano de agregação de todos os bancos regionais do Brasil, que ainda será anunciado pelo presidente Lula (PT).

“O Brasil vive um bom momento, um período de boas notícias na economia brasileira, o que nos anima a patrocinar algo que o Brasil precisa fazer urgentemente, agora mais do que nunca, que é a realização de políticas industriais. O mundo todo tem apresentado isso. O Brasil precisa se reencontrar com sua indústria”, introduziu o secretário. 

O valor é celebrado pela indústria, contudo ainda é considerado tímido por alguns empresários, comparado a planos mais do que duas vezes maiores de potências mundiais como China, União Europeia e aos US$ 2,4 trilhões investidos pelos EUA. 

Há quatro décadas, a indústria respondia por cerca de 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Hoje, gira em torno de 10% a 11%. Foi com esses números que o CEO da ArcelorMittal Aços Planos América Latina e conselheiro do Instituto Aço Brasil, Jorge Oliveira, abriu o painel sobre reindustrialização no congresso. “Entre 1980 e 2020, a indústria dos EUA mais do que dobrou de tamanho, a da China, aumentou 47 vezes, a do mundo, três, e a nossa, cresceu apenas 20%”, continuou Oliveira.

“Política industrial não é agenda de curto prazo. Temos pressa, mas não é agenda de governo, é de nação. Nós aqui, empresários, já tivemos governo de direita, esquerda, de centro. Que bom que é assim, a alternância ajuda, mas a política industrial precisa continuar, independentemente do governo da vez”, complementou  o presidente do Conselho Temático de Política Industrial e Desenvolvimento Tecnológico da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Léo de Castro.

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