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domingo, 7 de junho de 2020

Manipular números é lealdade militar burra e genocida, diz Mandetta

Para o ex-ministro, a decisão do Ministério da Saúde de não mais divulgar o total do número de casos e de morte pela covid-19 "é uma tragédia"

O ex-ministro Luiz Henrique Mandetta afirmou neste sábado que a decisão do Ministério da Saúde de não mais divulgar o total do número de casos e de morte pela covid-19 "é uma tragédia". "Não informar corretamente significa que o estado pode ser mais nocivo do que a doença", afirma ele.

Mandetta participou de uma live com o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), organizada pelo Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP).

Para ele, quando os números de epidemias começam a explodir, "é quase que uma atração fatal do indivíduo falar: 'e se a gente mudasse os números, maquiasse os números?'"

No caso da crise do novo coronavírus, esconder dados da população "seria mais do que isso. Seria uma plástica transformadora. Me parece que o que estão querendo fazer é uma grande cirurgia nos números".

O combate a uma doença como a covid-19, que não tem cura nem vacina, dependeria hoje exclusivamente do comportamento social das pessoas - e, para se proteger, elas teriam que estar bem informadas, diz o ex-ministro.

Mandetta afirma ainda que, quando saiu do governo, chegou a pensar que o fato poderia levar o presidente Jair Bolsonaro a refletir, já que ele se opunha frontalmente ao ex-ministro.

"Entrou o Nelson Teich, que é médico, e foi a mesma coisa. Quer dizer, não era uma coisa [problema] comigo. Era uma coisa de não querer nenhuma tomada de decisões que não fossem decisões políticas", afirma.

Depois da saída de Teich, os militares tomaram de vez o ministério, sob o comando do general Eduardo Pazuello.

Mandetta diz que, "talvez nomeando alguém que não tem muito compromisso com o setor de saúde", mas sim com uma cultura militar, de lealdade e de cumprimento de missão, ficaria mais fácil "manipular e torcer os números". Segundo ele, a atitude seria de lealdade, mas uma "lealdade burra e genocida".

"Talvez seja isso o que a gente vá presenciar: uma grande noite da ciência", disse ele.

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