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sábado, 10 de dezembro de 2022

UM GRUPO DE PESQUISADORES DERRUBOU UM BOEING 727 EM 2012

Em 14 de agosto de 2005, quando o Boeing 737-31S da companhia aérea Helios Airways decolou do Aeroporto Internacional de Larnaca, no Chipre, para Praga, ninguém fazia ideia que estava prestes a mudar um dos aspectos da aviação mundial – tampouco que seria alvo de um acidente que levou a vida de 115 passageiros.

Depois do que aconteceu no voo, a Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos determinou que luzes de advertência indicando especificamente um problema de pressurização fossem adicionadas às aeronaves.

(Fonte: Tenerife Weekly/Reprodução)(Fonte: Tenerife Weekly/Reprodução)

Esse exemplo serve para ilustrar como os avanços e inovações em vários aspectos, por vezes, surgem de erros – que, em muitos casos, podem ser fatais. Apesar de ser um dos meios de transporte que as pessoas mais temem, o avião também é considerado o mais seguro. O Conselho Europeu de Segurança nos Transportes fez um estudo que indicou existir 90% de chances de uma pessoa sobreviver a um acidente de avião, e que esse número está aumentando graças à tecnologia.

O risco anual de morrer em um acidente de avião é de cerca de 1 em 11 milhões, sendo que 70 a 90 acidentes acontecem por ano no mundo inteiro – isso envolvendo aviões comerciais e privados. Foi pensando em modernizar cada vez mais a tecnologia de segurança que um grupo de pesquisadores destruiu um Boeing 727 no deserto em 2012.

O experimento

(Fonte: NASA/Reprodução)(Fonte: NASA/Reprodução)

Com apoio do Discovery Channel, que registrou toda a ação e transformou em um episódio do programa Curiosity, os pesquisadores mostraram que às vezes são necessários sacrifícios, como destruir um aparelho de US$ 9,5 milhões, para conseguir obter dados valiosos para o aprimoramento da aviação.

O objetivo do experimento era testar os efeitos do impacto no corpo humano durante uma queda de avião. Para isso, manequins de teste de colisão com esqueletos quebráveis reais foram posicionados em vários pontos da aeronave, cada um equipado com 32 sensores individuais e câmeras para que tudo fosse captado.

O local escolhido para o acidente experimental foi o leito de um lago seco no México. Antes seria usado o China Lake, na Califórnia, porém a Administração Federal de Aviação temeu o fato de o local evocar memórias dolorosas de um acidente de teste feito pela NASA em 1984.

Antes da colisão, seis tripulantes colocaram a aeronave no ar e em curso, depois saltaram dela de paraquedas, sendo que dois deles fizeram a apenas 13 quilômetros do local de impacto. Desse momento em diante, a operação toda foi assumida por controle remoto, com o avião atingindo o solo a cerca de 225 km/h.

Aprimorando a aviação

(Fonte: Discovery Channel/Reprodução)(Fonte: Discovery Channel/Reprodução)

O resultado do experimento mostrou aos cientistas que o manequim que não estava com o cinto de segurança e o que não estava na posição de impacto, não sobreviveram à colisão. O terceiro manequim, posicionado conforme às instruções de segurança, escapou com a coluna intacta.

No geral, os passageiros que estivessem sentados na frente do avião teriam sentido 12 vezes a força da gravidade – mais do que o suficiente para matar alguém. O meio do avião experimentou um impacto de 8 vezes a força da gravidade, podendo causar ferimentos graves, como ossos quebrados. Na traseira do avião, porém, o solavanco equivalente a 6 vezes a força da gravidade foi comparado ao impacto de um carrinho de bate-bate.

Dessa forma, ficou claro que é provável que os passageiros da primeira classe morram em um acidente de avião porque a frente do aparelho é considerada a mais vulnerável em caso de queda.

(Fonte: Discovery Channel/Reprodução)(Fonte: Discovery Channel/Reprodução)

Esta não foi a primeira vez que cientistas derrubaram um avião para fins de pesquisa, mas sim a mais bem-sucedida. Em dezembro de 1984, a NASA e a Administração Federal de Aviação derrubaram um Boeing 720 na Califórnia para testar um aditivo de combustível projetado para suprimir um incêndio após um acidente.

No entanto, a asa esquerda da aeronave atingiu o solo inesperadamente, fazendo o aparelho derrapar e explodir em fogo. É por imprevisibilidades como essa – além do custo financeiro – que os fabricantes testam apenas partes de um avião.

A queda do Boeing 727 tinha o intuito de apenas quebrar o avião sem que nenhum incêndio acontecesse, visto que destruiria os equipamentos de teste e as câmeras. Eles escolheram o popular modelo da década de 1960 porque seu cockpit e fuselagem são semelhantes aos do 737, considerado o carro-chefe da indústria atual.

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