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terça-feira, 3 de dezembro de 2024

Para PF, Bolsonaro se preparou para golpe quase dois anos antes de derrota para Lula

 Não estou aqui para pedir voto para ninguém, diz Bolsonaro

Plano para sustentar ruptura democrática, elaborado em março de 2021, foi encontrado pelos investigadores em computador de Mauro Cid e amparou ofensiva contra STF no mesmo ano 

O relatório final da Polícia Federal que embasou o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 36 pessoas pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, abolição do Estado Democrático de Direito e organização criminosa aponta que o planejamento de Bolsonaro e aliados para promover uma ruptura institucional no Brasil teve início quase dois anos antes de sua derrota eleitoral para Luiz Inácio Lula da Silva.  

O pilar da tese dos investigadores é uma apresentação de slides encontrada em um notebook do ex-ajudante de ordens Mauro Cid apreendido pela PF, cujo arquivo foi criado em 22 de março de 2021 – 20 meses antes da eleição, portanto. 

O documento detalha o planejamento de um golpe de Estado com técnicas militares adotadas pelas forças especiais do Exército, incluindo um plano de fuga de Bolsonaro para o exterior caso a investida autoritária fracassasse.  

Para a PF, uma vez amparado pelo esquema, o então presidente enfrentou o Judiciário e chegou perto de bancar uma ruptura institucional meses depois, no 7 de setembro de 2021, diante da ofensiva de Bolsonaro contra o Supremo Tribunal Federal (STF). Mas a trama só avançou após a vitória do PT nas eleições presidenciais de 2022. 

O plano encontrado no computador do tenente-coronel Cid foi elaborado quando Bolsonaro já estava em uma ofensiva contra a Corte. Começou logo no princípio de seu mandato, em 2019, com a abertura do inquérito das fake news, mas se acentuou durante a pandemia de Covid-19 depois que o STF reconheceu a autonomia de prefeitos e governadores para adotar medidas de isolamento social, criticadas por Bolsonaro, bem como a pressão dele pela adoção do voto impresso e a reabilitação política de Lula após o tribunal anular os processos do petista na Lava-Jato.  

À época, Moraes já presidia o inquérito dos atos antidemocráticos, que levou para a prisão aliados do então presidente e derrubou perfis de bolsonaristas nas redes sociais. A perspectiva de o ministro assumir o TSE também provocava apreensão no entorno de Bolsonaro, que dizia na ocasião que só aceitaria o resultado das eleições se houvesse um comprovante impresso do voto.

O relatório demonstra que o plano que estava no computador de Mauro Cid previa três cenários que levariam Bolsonaro a desrespeitar decisões Judiciais e avançar para uma ruptura democrática: intervenção do STF sobre o Executivo; a eventual cassação da chapa de Bolsonaro à reeleição em 2022 ou o veto do Supremo e/ou do TSE à implementação do voto impresso, caso ele fosse aprovado pelo Congresso. O projeto, no entanto, foi derrotado ainda na Câmara dos Deputados meses depois e não chegou a passar pelo Senado.

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