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O PSDB considerou que o depoimento do casal de marqueteiros
João Santana e Mônica Moura reforçam as provas na ação contra a chapa
Dilma-Temer para buscar a punição da presidente deposta pele golpe,
Dilma Rousseff, e a absolvição de Michel Temer no processo em curso no
TSE; no entanto, Temer, sócio do golpe junto com tucanos, já foi citado
várias vezes em delações da Odebrecht para negociações de propina; só no
depoimento de Cláudio Melo Filho, ex-vice-presidente de Relações
Institucionais da empreiteira, o nome do peemedebista apareceu 43 vezes
O PSDB considerou que o depoimento do casal de marqueteiros
João Santana e Mônica Moura na segunda-feira reforçam as provas na ação
contra a chapa Dilma-Temer para buscar a punição da ex-presidente Dilma
Rousseff e a absolvição do atual presidente Michel Temer no processo em
curso no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Nos depoimentos sigilosos dados ao Tribunal Regional
Eleitoral da Bahia (TRE-BA), o casal acusou a petista de saber que houve
caixa 2 na campanha à reeleição da chapa.
A avaliação do PSDB é que as acusações do casal --que firmou
acordo de delação premiada-- não teve "grande novidade" em relação ao
que se conhecia, apenas reforça a argumentação de que houve uso de
dinheiro ilícito na campanha, disse à Reuters uma fonte ligada ao PSDB
que pediu para falar sob a condição do anonimato porque os depoimentos
estão sob segredo de Justiça.
Segundo a fonte, do ponto de vista da ação que corre no TSE,
não há grande diferença para a eventual punição de Dilma o fato de ela
ter ciência ou não do esquema de caixa 2 na campanha dela. Isso porque o
TSE vai analisar se houve abuso de poder político e eleitoral no pleito
e se o suposto uso de recursos não contabilizados contribuiu para
desequilibrar a disputa pelo voto.
"Para a condenação de Dilma, basta o dado que já se tinha antes, o dinheiro de origem ilícita na campanha", avaliou a fonte.
Santana e sua mulher relataram ontem que, além dos 70
milhões de reais que receberam pela campanha de 2014 de forma
contabilizada, teria ficado um saldo de 35 milhões de reais a ser
quitado por meio de caixa 2. Os marqueteiros dizem ter recebido parte
desses recursos via caixa 2 e um saldo seria quitado numa conta do
exterior.
A Odebrecht ficaria responsável por fazer esse último
pagamento, que ficou em aberto com o avanço da operação Lava Jato e o
acordo de delação premiada dos executivos da empreiteira.
A avaliação do PSDB, segundo a fonte, é que os depoimentos
do casal demonstraram que Temer "não praticou nenhum ilícito" na
campanha em que era vice e teve um papel secundário na chapa.
Por essa razão, os tucanos vão manter a posição, na nova
alegação final que o partido vai apresentar em breve, que Dilma tem de
ser punida com inelegibilidade e Temer, absolvido de qualquer pena.
O partido originalmente havia movido a ação no TSE para
cassar a chapa, mas, após o impeachment da ex-presidente, tornou-se o
principal aliado de Temer no governo, ocupando vários ministérios
importantes, e no Congresso e passou a defender, na ação, que o atual
presidente seja isentado de qualquer responsabilidade.
Ainda na segunda-feira, a assessorai de imprensa de Dilma
afirmou, em nota, que Santana e Mônica "faltaram com a verdade" no
depoimento, "fazendo afirmações desprovidas de qualquer fundamento ou
prova".
"Dilma Rousseff nunca negociou directamente quaisquer
pagamentos em suas campanhas eleitorais, e sempre determinou
expressamente a seus coordenadores de campanha que a legislação
eleitoral fosse rigorosamente cumprida respeitada", acrescentou a nota.
Um ministro do TSE afirmou à Reuters, em carácter reservado,
que os novos depoimentos podem, sim, reforçar a acusação original feita
pelo PSDB de abuso da chapa Dilma-Temer, dificultando a estratégia da
defesa do presidente e do PSDB de separar o julgamento dos dois e punir
apenas a petista.
O PSDB, segundo a fonte, não consegue fazer um prognóstico sobre o julgamento, que deverá ser retomado em maio.
"É um quadro de muito difícil leitura, porque vai depender muito de como cada ministro vai reagir", destacou esse interlocutor.
A expectativa entre os envolvidos no processo é que, com o
fim dos depoimentos, o relator no TSE, ministro Hera Benjamins, conceda a
partir desta terça-feira o prazo de cinco dias para que as partes e o
Ministério Público Eleitoral apresentem suas alegações finais.
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