O
ex-ministro Ciro Gomes (PDT) reconheceu que poderá disputar a
Presidência em 2018 mesmo que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) seja candidato. O pedetista, que esteve à frente do Ministério da
Integração Nacional no governo Lula, havia dito na semana passada que
não “tinha vontade” de se lançar ao cargo caso o petista também entrasse
no páreo.
Ciro
participou, na noite de sábado, da BrazUSC, a maior conferência de
estudantes fora do Brasil, na Universidade da Pensilvânia, nos Estados
Unidos. Após o evento, em conversa com jornalistas, afirmou que sua
candidatura só depende do partido.
—
Quem decide a minha candidatura sou eu, e só dependo de uma
circunstância: o PDT confirmar meu pleito. Quando digo que não gostaria
de ser candidato se o Lula também for, não é uma homenagem propriamente a
ele, embora acredite que PT e PDT possam seguir juntos, apesar de
nossas diferenças. Mas, se ele for candidato, passionaliza e polariza de
tal forma o ambiente que os eleitores terão dificuldade de encontrar
meu discurso, centrado em temas que considero sérios, distantes da
polarização simplória que ele representa — analisou.
Ciro
afirmou ainda que seus dois adversários mais fortes à sucessão
presidencial são, hoje, Lula e o governador de São Paulo, Geraldo
Alckmin (PSDB). Ele destacou que não aposta em uma candidatura do
prefeito de São Paulo, João Dória (PSDB). E se mostrou simpático a uma
eventual chapa com o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), mas
disse que o “PT deve seguir com sua postura de lançar um candidato
majoritário” e que não será “vice de ninguém”:
—
Estou comovidamente pensando que esta será minha última eleição
presidencial e, ganhando ou perdendo, quero deixar um projeto de governo
como meu legado. Dória é um farsante que se apresenta como não
político, mas já lá no governo (do então presidente) José Sarney (PMDB)
era presidente da Embratur, e recebeu várias benesses, com o passar dos
anos, dos governos do PSDB. Derrotá-lo numa disputa nacional é moleza;
daria uma surra nele. Já o Alckmin, mesmo com o (deputado federal) Jair
Bolsonaro (PSC) tirando muitos votos dos tucanos, é muito mais
complicado. Ele sai com o apoio de 50% de São Paulo, quase 15% do
Brasil.
CRÍTICAS A TEMER, LULA E DILMA
Durante
a palestra, Ciro buscou se apresentar como um possível caminho do meio.
Disse que a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) ainda está “tonta” com o
processo de impeachment e afirmou que o governo da aliada, no qual seu
irmão, o também ex-governador Cid Gomes (PDT), atuou como ministro da
Educação, foi péssimo. O presidente Michel Temer (PMDB), para ele, é um
“ladrão fisiológico”, e Lula “quis brincar de ser Deus”.
Na
sexta-feira, o jurista Nelson Jobim, ex-ministro dos governos FH, Lula e
Dilma, tratou no evento da importância do combate à corrupção no país e
citou Ciro ao falar da possibilidade de Lula ser preso e das eventuais
repercussões na campanha de 2018:
— Lula, preso, elege qualquer um, principalmente o Ciro Gomes.
Ciro
disse que Jobim possivelmente quis advertir que “transformar Lula em
vítima de uma perseguição política é tudo o que ele quer agora”:
—
Não tenho falado com o ex-presidente nos últimos meses, mas não
acredito que ele seja preso. Se for, sem culpa formada, possivelmente
elegeria mesmo alguém de dentro da cadeia. Se eu aceitaria o apoio dele?
É algo para você me perguntar mais para a frente, na campanha.
— Lula, preso, elege qualquer um, principalmente o Ciro Gomes.
Ciro
disse que Jobim possivelmente quis advertir que “transformar Lula em
vítima de uma perseguição política é tudo o que ele quer agora”:
—
Não tenho falado com o ex-presidente nos últimos meses, mas não
acredito que ele seja preso. Se for, sem culpa formada, possivelmente
elegeria mesmo alguém de dentro da cadeia. Se eu aceitaria o apoio dele?
É algo para você me perguntar mais para a frente, na campanha.
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