Africanos que
tentam chegar à Europa estão sendo vendidos por seus pelos seus raptores
em um "mercado de escravos" na Líbia, segundo a Organização
Internacional para as Migrações (OIM), órgão da ONU.
As vítimas
disseram à OIM que, depois de serem detidas por contrabandistas ou
grupos de milícias, foram levadas para praças ou estacionamentos para
serem vendidas.
Migrantes qualificados como pintores ou
instaladores de pisos são procurados por preços mais elevados, diz o
chefe da OIM na Líbia à BBC.
A Líbia está em estado de caos desde a expulsão do ex-líder Muammar Khadafi em 2011.
Centenas de jovens africanos subsaarianos foram encontrados nos chamados mercados de escravos, segundo o relatório da OIM.
Um
migrante senegalês, que não terá seu nome divulgado para proteger sua
identidade, disse que havia sido vendido em um desses mercados na cidade
libía de Sabha antes mesmo de ser levado a uma prisão improvisada onde
mais de 100 imigrantes estavam sendo mantidos como reféns.
Mulheres
também foram compradas por clientes da Líbia e levadas para casas onde
foram forçadas a ser escravas sexuais, disse a testemunha.
Risco
O chefe
de missão da OIM para a Líbia, Othman Belbeisi, disse à BBC que os
preços dos escravos eram determinados de acordo com suas qualificações.
"Aparentemente,
eles não têm dinheiro e suas famílias não podem pagar o resgate, então
eles estão sendo vendidos para obter pelo menos um benefício mínimo com
isso", disse ele.
"O preço é definitivamente diferente dependendo
de suas qualificações. Por exemplo, se você faz pinturas, troca telhas
ou algum trabalho especializado, o preço aumenta."
Um membro da equipe da OIM no Níger confirmou os relatos de leilões na Líbia com depoimentos de outros migrantes que escaparam.
"Todos
eles confirmaram o risco de serem vendidos como escravos em praças ou
garagens em Sabha, seja por seus motoristas ou moradores que recrutam os
migrantes para trabalhos diários na cidade, muitas vezes na construção
civil."
"Mais tarde, em vez de pagá-los, [os raptores] vendem suas vítimas a novos compradores."
Alguns
imigrantes, principalmente nigerianos, ganenses e gambianos são
obrigados a trabalhar "como guardas nas casas de resgate ou no próprio
mercado", acrescentou o funcionário da OIM.
A organização chamou o
surgimento desses mercados de "uma nova e preocupante tendência na já
grave situação dos migrantes na Líbia".
Em fevereiro, a Unicef
divulgou um relatório documentando em detalhes histórias de escravidão,
violência e abuso sexual ocorridas com muitas crianças que viajaram da
Líbia para a Itália.
De acordo com o documento, aproximadamente
26 mil crianças - a maioria delas desacompanhadas - cruzou o
Mediterrâneo em 2016, e muitas sofreram abusos nas mãos de traficantes.
Milhares
de migrantes do norte da África chegaram à Itália no ano passado pelo
mar. Mas antes de embarcarem, na Líbia, muitos passam por uma jornada
perigosa de até seis dias no deserto do Saara.
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