Segundo executivos do setor, estoque no País está em um dos níveis mais baixos da história
Jefferson Klein
Um problema que incomodou a indústria de máquinas no ano passado permanece em 2021: o alto custo do aço. De acordo com levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), o incremento no preço do insumo, de janeiro a dezembro 2020, foi de 108% nos distribuidores e de 85% para quem compra direto da usina produtora.
O vice-presidente da Abimaq-RS, Hernane Cauduro, argumenta que o ciclo de produção do setor de máquinas e equipamentos é, em média, de seis meses para entregar as encomendas aos clientes. Então, a oscilação dos valores do aço, reforça o dirigente, prejudica as empresas do segmento na hora de estabelecer o preço dos seus produtos. "É uma dificuldade seríssima", enfatiza. O integrante da Abimaq-RS alerta que a questão está afetando a competitividade das companhias.
Para Cauduro, não há justificativa plausível para a proporção dos aumentos no preço do aço. Ele considera que as empresas fornecedoras desse insumo estão aproveitando um período de escassez do material e de recuperação da economia para elevar suas margens de lucro. O dirigente reforça que um dos fatores que leva a essa distorção no mercado do aço é por se tratar de um oligopólio.
O presidente-executivo do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), Carlos Loureiro, confirma que os aumentos do insumo foram da magnitude apontada pela Abimaq e comenta que esse cenário foi ocasionado por um desequilíbrio na oferta e demanda. "Está faltando produto", enfatiza Loureiro. No entanto, ele salienta que se trata de um fenômeno mundial em decorrência da elevação dos custos de insumos utilizados na cadeia produtiva dessa liga metálica, como o minério de ferro e o carvão.
Segundo o dirigente, nos Estados Unidos o preço da bobina a quente, referência do mercado internacional do aço, saltou de US$ 525 para US$ 1.097 a tonelada, entre 20 de agosto de 2020 e 11 de janeiro de 2021, uma elevação de 109%. O dirigente informa que, atualmente, no Brasil o custo da bobina a quente está entre R$ 4,2 mil a R$ 4,3 mil a tonelada (valor na usina, sem a incidência de impostos). No caso do mercado nacional, outro ponto que impactou o preço do aço e citado pelo presidente-executivo do Inda foi que, quando a economia começou a se recuperar, após os primeiros meses da pandemia do coronavírus, os distribuidores foram pegos com estoques muito baixos e agora estão buscando recompor esses volumes.
De acordo com o dirigente, o estoque de aço no País encontra-se em um dos níveis mais baixos da história, não chegando a dois meses de abastecimento, sendo que o normal seria perto de três meses. Ele prevê que até março a situação possa ser normalizada. Loureiro argumenta ainda que, como essa questão do custo elevado é algo global, a importação acaba não sendo uma alternativa, até porque os valores dos fretes também aumentaram.
Para 2021, o presidente-executivo do Inda projeta reduções no preço do aço e estima que em dezembro deste ano os valores estarão abaixo do que são verificados hoje. Já o vice-presidente da Abimaq-RS, Hernane Cauduro, imagina que possa ocorrer uma estabilização depois de haver uma recuperação dos estoques, mas demonstra descrença quanto a uma possível diminuição de custos. "Fazer preço voltar é muito raro", frisa.
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