Pelo negócio, a Vale deixará de ter responsabilidade pela dívida da CSA.Empresa fala em estratégia de 'simplificação de portfólio de ativos'.
A Vale
anunciou nesta segunda-feira (4) que vendeu a sua participação total de
26,87% na Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), uma parceria com a
alemã Thyssenkrupp.
Segundo a companhia, o negócio faz parte da sua estratégia de "simplificação de seu portfolio de ativos".
Localizada no Distrito Industrial de Santa Cruz, no Rio de Janeiro- RJ,
a CSA possui a capacidade de produzir 5 milhões de toneladas de placas
de aço por ano.
Pelo negócio, a Vale deixará de ter responsabilidade pela dívida da
CSA. A companhia afirma ainda que a transação "não terá impacto
significativo no resultado financeiro".
"A participação da Vale está sendo vendida por um preço simbólico,
entretanto existe uma cláusula de earn-out válida por um período, que
intitula à Vale uma potencial receita caso o controle acionário da CSA
seja vendido para um terceiro", informou a Vale.
"Adicionalmente, com a transação, os acordos de acionistas existentes e
outros contratos operacionais entre a Vale e a CSA deixarão de existir,
com a exceção do contrato de compra e venda de minério de ferro entre
ambas as partes. Os direitos minoritários e outros direitos
participativos da Vale na CSA não serão mais aplicáveis", completou.
O acordo depende de aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
A CSA divulgou que tinha 2,6 bilhões de euros em obrigações totais no fim do ano fiscal de 2015, destaca a Reuters.
A siderúrgica viu os custos de produção dispararem em meio à inflação
alta, volatilidade cambial e instabilidade política que colaboraram para
levar o Brasil a uma recessão profunda. Nos doze meses até setembro, a
CSA perdeu quase 400 milhões de euros, mostraram dados da empresa.
Histórico
A mineradora entrou no projeto após enfrentar pressões políticas para diversificar em atividades de valor agregado, como aço ou fertilizantes, lembra a Reuters.
A mineradora entrou no projeto após enfrentar pressões políticas para diversificar em atividades de valor agregado, como aço ou fertilizantes, lembra a Reuters.
Em 2009, o partido governista, o PT, pressionou a Vale a ampliar a
parcela na CSA a partir dos 10% iniciais, com o projeto sofrendo atrasos
e severos gastos.
A siderúrgica, construída por cerca de 10 bilhões de dólares, foi
inaugurada com alarde no ano seguinte, em uma cerimônia que contou com a
presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Desde que começou a operar em 2010, a CSA tem sido afetada por um
excedente global no mercado de placas de aço que pressiona as suas
margens e limita o uso da capacidade.
A CSA começou a apresentar problemas desde a inauguração.
O projeto tinha um erro na linha de produção, e uma parte de Santa Cruz
ficou coberta de fuligem, resultado da produção de ferro gusa. Houve
muitas reclamações dos moradores da região por conta da poluição, duas
ações do Ministério Público por crimes ambientais e sete autuações do
Inea, com milhões de reais em multas.
O presidente-executivo da companhia, Murilo Ferreira, disse
recentemente que a empresa estava considerando a venda de ativos para
reduzir a dívida em 10 bilhões de dólares em um período de 18 meses.
A Vale ainda mantém participação na Companhia Siderúrgica do Pecém
(CSP), no Ceará – joint venture entre a brasileira e as sul-coreanas
Dongkuk e Posco.
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