O capítulo final de "A Dona do Pedaço" não foi melhor nem pior que os demais 160. Nem teria como ser
diferente. Uma novela criada às pressas, em duas ou três semanas, com personagens mal construídos,
diálogos pobres e situações absurdas não iria se salvar nos seus últimos 75 minutos.
O desfecho de Maria da Paz (Juliana Paes), a protagonista que não protagonizou nada, foi o clássico final
feliz. Ao lado de Amadeu (Marcos Palmeira), o primeiro amor de sua vida, ela curtiu o nascimento de uma
nova filha, a menina Sol.
A destacar apenas que Walcyr Carrasco iluminou o casal "principal" com um rompante de sabedoria e eles
deram um jeito de impedir, por vias legais, que Josiane (Agatha Moreira) herdasse automaticamente os
seus bens.
O final de Vivi Guedes (Paolla Oliveira) conseguiu ser pior do que o restante de sua trama. Após se
submeter a um policial psicopata, Camilo (Lee Taylor), a influenciadora digital terminou numa praia deserta
ao lado de um matador de aluguel, Chiclete (Sérgio Guizé). Abriu mão do que gostava de fazer, da
independência e da sua força pelo amor por um pistoleiro, que não pagou pelos crimes que cometeu.
Sinistro.
Agno (Malvino Salvador) e Leandro (Guilherme Leicam) se beijaram tão rapidamente que quem piscou os
olhos na hora perdeu a cena. Kim (Monica Iozzi) não apenas carregou o cretino do Teo (Rainer Cadete)
para o exterior, como o beijou. Rock (Caio Castro) virou campeão de boxe e casou com Joana (Bruna
Hamú) em questão de segundos. Vários personagens foram esquecidos e nem mereceram finais.
O autor surpreendeu, é verdade, com os desfechos das duas vilãs principais, Fabiana (Nathalia Dill) e
Josiane (Agatha Moreira). O flerte de ambas com a religião acabou se revelando como hipocrisia pura.
A primeira abandonou o convento pela segunda vez para se associar com o matador de aluguel Rael
(Fafael Queiroz). Terminou a novela cometendo assassinatos, mas fazendo questão de rezar após cada
morte.
A segunda, após deixar a prisão, convertida por um pastor protestante, mostrou que continua com o
demônio no corpo. O panaca do Régis (Reynaldo Gianecchini), igualmente convertido, morreu após ser
empurrado do alto de um viaduto pela falsa missionária. E ela vislumbrou num flerte com outro empresário
evangélico, vivido por Mateus Solando, a possibilidade de continuar dando golpes.
A novela terminou justamente num close de Josiane, com olhar demoníaco, nos ameaçando e sugerindo
que, caso a Globo queira, Walcyr Carrasco pode nos oferecer uma segunda temporada de "A Dona do
Pedaço". Medo.
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