Sem atmosfera, Marte está sujeito ao impacto das radiações e dos ventos solares. NASA
A NASA já tem um plano para transformar Marte num planeta habitável. E
não, não é ficção científica. Cientistas da agência espacial
norte-americana apresentaram recentemente uma proposta que passa por
criar, de forma artificial, um campo magnético e, assim, uma atmosfera.
Há muito que Marte é objeto de estudo, e de fascínio, por parte de
cientistas de todo o mundo. As suas caraterísticas fazem dele o planeta
mais habitável do nosso Sistema Solar. Em 2015, a confirmação de que o
planeta tinha correntes de água em estado líquido adensaram o entusiasmo
da comunidade científica.
Mas Marte não tem atmosfera e é um planeta de extremos. As
temperaturas atingem os 20°C de dia, mas à noite podem chegar aos -80°C.
E por causa destas temperaturas baixas a água líquida acaba por
desaparecer. Além disso, está sujeito ao impacto da radiação e dos
ventos solares.
Acontece que dados recolhidos pelas missões Maven, pelas missões da
NASA, da Mars Express e da ESA sugerem que o Planeta Vermelho já foi bem
diferente daquilo que é agora.
Os cientistas acreditam que Marte tinha um campo magnético natural,
tal como a Terra, que desapareceu há cerca de 4,2 biliões de anos. E foi
o desaparecimento desse escudo protetor que levou ao desaparecimento da
atmosfera nos anos seguintes.
Ora, o que os investigadores da Divisão de Ciência Planetária da NASA
(PSD, na sigla em inglês), propõem é recuperar esse campo magnético,
isto é, recriá-lo de forma artificial, através de tecnologia de ponta. O
plano foi apresentado recentemente no workshop de Visões para a Ciência
Planetária 2050, promovido pela agência.
“No futuro, é possível que a tecnologia possa gerar um campo
magnético de 1 a 3 Teslas contra o vento solar”, explicou o cientista
Jim Green.
A ideia passa por instalar um dipolo magnético, isto é, um elemento
que produz um campo magnético dipolar (com dois polos opostos), num
satélite. Um satélite que acompanhe o planeta na sua órbita e,
consequentemente, o proteja.
Com uma magnetosfera artificial, os ventos solares seriam desviados e
haveria um aumento da temperatura que poderia criar condições para
manter a presença de água em estado liquído.
“Um atmosfera marciana com maior temperatura e pressão irá
permitir ter água em estado liquido e isso irá melhor a exploração
humana na década de 2040”, sublinhou GreenHá dois anos, a NASA revelou que quer, não só levar o Homem a Marte, como levá-lo para ficar: isto é, pretende criar colónias humanas no planeta até 2030.
Para Green, se fosse criado um campo magnético artificial, "as novas
condições em Marte permitiriam que os investigadores e exploradores
estudassem o planeta com muito mais detalhe".
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