A polêmica em torno da colocação de anúncios está se espalhando por todo o planeta a um ritmo que a reação do Google não consegue acompanhar
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24 mar 2017, 22h27
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YouTube: um vídeo antissemita apareceu junto
com propagandas da seguradora Axa na Alemanha, da companhia de petróleo
Total na França (Flickr/Karmin/Reprodução)
Londres – Propagandas de grandes anunciantes da Europa e da Ásia continuam aparecendo ao lado de vídeos extremistas no YouTube dias após o gigante do setor tecnológico Google ter afirmado que estava tomando medidas para evitar que seus clientes respaldem inadvertidamente conteúdos de ódio.
Um vídeo antissemita que alega a existência de uma “ordem mundial
judaica” apareceu junto com propagandas da seguradora Axa na Alemanha,
da companhia de petróleo Total na França, de veículos Range Rover na
África do Sul, da loja de calçados Skopunkten e do site Tradera na
Suécia, de acordo com pesquisas realizadas pela Bloomberg no YouTube em
cada um desses países na quinta-feira.
O vídeo também foi vinculado a marcas na Ásia — lubrificantes Castrol na Índia e fórmula infantil Cow & Gate em Hong Kong.
Um outro sermão do pastor Ahmad Musa Jibril, que, de acordo com
promotores dos EUA uma vez atribuiu-se o mérito de um atentado
terrorista com bomba na Arábia Saudita, pode ser visto ao lado de
propagandas da Nissan na Suécia e da operadora wireless MTN Group na
África do Sul.
Por sua vez, a English Defence League, islamofóbica, conta com o
respaldo de anúncios de Total, Netflix, IBM e Tag Heuer International na
França.
A polêmica em torno da colocação de anúncios, agora em sua segunda
semana, está se espalhando por todo o planeta a um ritmo que a reação do
Google, da Alphabet, não está conseguindo acompanhar.
Na quinta-feira, enquanto o presidente do conselho da Alphabet, Eric
Schmidt, dizia que o Google poderia “chegar bem perto” de garantir que
as propagandas das empresas não seriam colocadas perto de materiais com
conteúdo de ódio, anunciantes em toda a Europa encontravam mais de uma
dúzia de novos exemplos e lutavam para proteger suas marcas.
“Não sabíamos que nossas propagandas eram veiculadas nesse contexto”, disse a porta-voz da Axa, Anja Kroll, por e-mail.
“Nós tomamos providências imediatas para atualizar os filtros e
acabar com a veiculação” dos anúncios junto com esses vídeos porque
“diversidade, tolerância e receptividade são valores de importância
fundamental para nós e os praticamos diariamente”.
Polêmica global
Embora a Axa não tenha retirado suas propagandas do YouTube, a
unidade alemã está usando filtros de “lista negra” para evitar que seus
anúncios apareçam perto de conteúdos extremistas, racistas ou de caráter
não desejável, disse Kroll.
Neste caso, disse ela, os filtros aparentemente falharam.
“Não fazemos comentários sobre vídeos individuais, mas, conforme
anunciado, iniciamos uma análise ampla de nossas políticas de
publicidade e nos comprometemos publicamente a implementar mudanças que
darão às marcas mais controle sobre onde suas propagandas aparecem”,
disse um porta-voz do Google.
“Também estamos aumentando as exigências a nossas políticas de
publicidade para proteger melhor as marcas de nossos anunciantes.”
O leque global de companhias envolvidas na polêmica ilustra a
magnitude do problema para o Google, que corre o risco de sofrer danos
em suas finanças e em sua reputação.
A companhia já é acusada em um processo judicial aberto pela família
de uma vítima de um ataque terrorista de lucrar com anúncios vinculados à
propaganda terrorista que fomenta a violência.
A crise recente eclodiu depois que uma investigação do jornal The
Times, de Londres, revelou na semana passada que propagandas estavam
sendo veiculadas junto com conteúdos ofensivos.
O valor de mercado da Alphabet diminuiu cerca de US$ 24 bilhões nesta semana.
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