O
mundo enfrenta a maior crise humanitária desde 1945, ano em que
terminou a Segunda Guerra Mundial e foi fundada a Organização das Nações
Unidas (ONU). O alerta é de Stephen O’Brien, diretor de operações
humanitárias da ONU. Em discurso ao Conselho de Segurança das Nações
Unidas, na sexta-feira (10), O’Brien afirmou que mais de 20 milhões de
pessoas passam fome em quatro países – Iêmen, Sudão do Sul, Somália e
Nigéria – e pediu o envio imediato de ajuda financeira “para evitar uma
catástrofe”. “Para ser exato, são necessários US$ 4,4 bilhões até
junho”, afirmou. “Sem esforços globais coletivos e coordenados, as
pessoas morrerão de fome e muitos mais sofrerão e morrerão de doenças.”
A
ONU define que um país enfrenta problemas de fome quando mais de 30%
das crianças menores de cinco anos sofrem de desnutrição e há uma taxa
de mortalidade diária acima de dois óbitos para cada 10 mil pessoas,
entre outros critérios.
No Iêmen, cerca de 18,8 milhões de pessoas
– o equivalente a mais de dois terços de seus mais de 25,4 milhões de
habitantes – precisam de ajuda humanitária. Sete milhões de iemenitas
são sabem de onde virá sua próxima refeição. Localizado no sul da
Península Arábica, o Iêmen é a nação mais pobre do mundo árabe e vive
mergulhado em conflitos políticos que levaram mais de 48 mil pessoas a
deixar o país desde o início do ano. A capital, Sanaa, é controlada por
rebeldes xiitas que se opõem ao governo central. Em abril, o
secretário-geral das Nações Unidas, o português António Guterres,
presidirá uma conferência de arrecadação de fundos para o Iêmen em
Genebra, na Suíça. Estima-se que sejam necessários US$ 2,1 bilhões para
socorrer 12 milhões de iemenitas.
No
Sudão do Sul – nação do nordeste da África que conquistou sua
independência do Sudão em 2011 –, a fome é agravada pela violenta guerra
civil entre o governo central, formado por membros da etnia dinka, e a
oposição, de maioria nuer. O conflito forçou mais de 3,4 milhões de
pessoas a abandonar suas casas e 200 mil a deixar o país. “Estima-se que
mais de um milhão de crianças sofram de desnutrição aguda em todo o
país, incluindo 270 mil crianças que enfrentam o risco iminente de morte
se não forem socorridas a tempo”, afirmou O’Brien. O Sudão do Sul tem
12,3 milhões de habitantes, dos quais mais de 7,5 milhões carecem de
ajuda humanitária.
Próxima tanto ao Sudão do Sul quanto ao Iêmen, a
Somália também precisa de auxílio imediato para as 2,9 milhões de
pessoas que passam fome. “O que eu vi e ouvi durante minha visita à
Somália foi angustiante. As mulheres e as crianças andam durante semanas
à procura de comida e água, perderam o gado, as fontes de água secaram e
não têm mais nada para sobreviver”, disse O’Brien. A fome tem
aumentando na Somália desde 2011 e provocado um intenso êxodo rural.
No outro lado do continente africano, na Nigéria, a milícia
islamita Boko Haram, que atua no nordeste do país, matou mais de 20 mil
pessoas nos últimos sete anos e obrigou mais de 2,6 milhões a migrar. Os
conflitos militares agravam os problemas de escassez material. Segundo
relatos de uma coordenadora humanitária das Nações Unidas, a desnutrição
é tão grave na Nigéria que muitos adultos estão fracos demais para
andar e não há mais bebês em algumas comunidades.
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