Siderúrgicas: após aumento dos preços, volume recorde de exportações da
China pode cair, ampliando atratividade das vendas locais.
A ajuda pode estar à mão para as siderúrgicas internacionais atingidas pela concorrência da China.
O volume recorde de exportações do maior país produtor provavelmente
cairá após o aumento dos preços, ampliando a atratividade das vendas
locais para as usinas em relação aos embarques ao exterior, segundo o
Noble Group.
“A principal razão pela qual teremos exportações menores de aço
chinês, pelo menos nos próximos meses, é que de dezembro para cá os
preços do aço chinês têm apresentado um desempenho muito melhor que os
preços do aço de outras regiões”, disse Gueorgui Pirinski, analista de
materiais de aço-carbono da trader de commodities, em uma conferência em
Cingapura na quarta-feira. “Tivemos uma alta enorme, de 30 a 40 por
cento”.
As exportações da China, país que responde por cerca de metade da
produção global, atingiram uma alta histórica no ano passado em um
momento em que as produtoras lidavam com a queda dos preços locais e com
a abundância de material.
O excesso ampliou a concorrência na Ásia, na Europa e nos EUA, reduzindo
os lucros das usinas de todo o mundo e gerando um aumento nas tensões
comerciais em meio às acusações de que os volumes crescentes da China
estavam sendo vendidos baratos demais.
Neste ano, os preços do aço da China se recuperaram, em uma mudança que,
segundo Pirinski, foi impulsionada pela produção mais baixa.
‘Bastante agressivo’
“O principal motor dessa inversão de tendência foi o corte bastante
agressivo da produção doméstica de aço da China”, disse Pirinski, que
levantou a possibilidade de que a produção possa aumentar agora,
colocando em perigo a recuperação dos preços do aço.
“Veremos uma aceleração material da produção doméstica de aço na China
-- e isso colocará em dúvida a sustentabilidade do preço do aço”.
Os volumes mais baixos da China poderão diminuir a pressão sobre
siderúrgicas como a ArcelorMittal, com sede em Luxemburgo, e a U.S.
Steel Corp.
A produtora europeia registrou prejuízo anual em 2015, enquanto a
segunda maior fabricante de aço dos EUA se colocou na vanguarda dos
esforços para resistir às importações, descrevendo a situação como uma
“grande guerra”.
Na China, as barras de reforço de aço, usadas na construção, deram um
salto de cerca de 24 por cento em 2016 após cinco anos de prejuízos.
Na Bolsa de Futuros de Xangai, o contrato subiu para 2.240 yuans (US$
345) a tonelada na quarta- feira, nível mais alto desde junho. O piso
chegou a 1.618 yuans em dezembro.
As exportações de aço da China tiveram uma expansão de quase 20 por
cento em 2015, para um recorde de 112,4 milhões de toneladas, segundo
dados aduaneiros divulgados em janeiro.
Em fevereiro, as vendas de produtos de aço caíram 17 por cento, para
8,11 milhões de toneladas, nível mais baixo desde março do ano passado,
mostram dados do governo.
Tendência sem precedentes
A tendência sem precedentes de exportações baratas da China provocou uma
reação negativa na Europa, na Índia e nos EUA, que se movimentaram para
elevar as tarifas após queixas das siderúrgicas locais.
Contudo, não foi a propagação de regras comerciais protetoras o que
forçou a queda das exportações, segundo Pirinski. O motivo pelo qual “as
exportações de aço da China estão caindo não são as tarifas
antidumping, não é por toda essa postura”.
As exportações da China poderão não aumentar neste ano, mas ainda assim
as siderúrgicas do país tentarão vender o máximo que puderem, disse N.
C. Mathur, presidente da Associação Indiana de Desenvolvimento do Aço
Inoxidável, em entrevista, em Cingapura.
“A China é uma grande ameaça”, disse Mathur, que trabalha há mais de 40
anos no setor, inclusive na Jindal Stainless. “Mas ao mesmo tempo os
traders estão interessados em comprar material chinês devido ao seu
custo e para ganhar dinheiro”.
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