Cosmonautas russos chegaram à Estação Espacial
Internacional (ISS) vestindo trajes amarelos com detalhes azuis, em tons
que se assemelham aos das cores da bandeira da Ucrânia. As imagens
levantaram suspeitas de que poderia se tratar de uma mensagem indireta
contra a invasão ucraniana pela Rússia.
Oleg
Artemyev, Denis Matveyev e Serguei Korsakov, os primeiros a viajarem à
ISS após seu país iniciar a invasão à Ucrânia, deixaram a base de
lançamentos em Baikonur, no Cazaquistão em uma nave Soyuz MS-21 nesta
sexta-feira (18). Três horas mais tarde, se acoplaram à estação, se
juntando a outros dois russos, quatro americanos e um alemão que lá
estavam.
Em um vídeo antes da chegada à ISS, Artemyev aparece
vestindo um traje de voo azul. Não foi esclarecido se a mudança para o
outro traje nas cores ucranianas teria, de fato, alguma mensagem por
trás do gesto.
Mais tarde, quando os cosmonautas
puderam se comunicar com seus familiares, Artemyev disse que cada membro
da tripulação escolheu o que vestiria. "Era nossa vez de escolher uma
cor. Na verdade, tínhamos acumulado muito material em amarelo, e
decidimos usá-lo", explicou.
Desde
o início da invasão russa, as cores da bandeira da Ucrânia vêm sendo
utilizadas em demonstrações de solidariedade ao país em todo o mundo.
Diversos monumentos, como a torre Eiffel, em Paris, e o portão de
Brandemburgo, em Berlim, foram iluminados com o azul e amarelo
ucraniano.
Abalos na cooperação espacial
A
guerra resultou no cancelamento de missões espaciais em conjunto e na
quebra de alguns contratos. O chefe da agência espacial russa Rozcosmos,
Dmitry Rogozin, alertou os EUA que a Rússia poderia deixar de fornecer
motores de foguetes às empresas do país, e que os americanos teriam de
"voar em cabos de vassoura" até o espaço.
Há poucos
dias, Rogozin sugeriu que as sanções americanas à Rússia poderiam
destruir a cooperação e o trabalho em equipe e fazer com que a ISS saia
de órbita e caia, "quem sabe sobre os EUA ou a Europa".
Muitos
se preocupam que as atitudes do russo estejam colocando em risco
décadas de colaboração pacífica em pesquisa espacial entre a Rússia e o
Ocidente, principalmente, no que diz respeito à ISS.
Bill
Nelson, diretor da agência espacial americana Nasa, minimizou as
polêmicas. "Isso é apenas o Dmitry Rogozin. Ele faz uma provocações de
vez em quando. Mas, no fim do dia, colabora conosco", afirmou.
"As
outras pessoas que trabalham no programa espacial civil da Rússia são
profissionais", disse Nelson. "Eles não desafinam conosco, com os
astronautas americanos e com o controle da missão americano. Apesar de
tudo, lá no espaço, podemos ter uma colaboração com nossos amigos e
colegas russos."
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