Reinaldo Rueda não teve a menor consideração com o Flamengo
Flamengo
Ou melhor, o Flamengo se deixou humilhar por Reinado Rueda.
Foi deplorável o que acaba de acontecer com o clube mais popular do
país. A diretoria ficou de joelhos, estagnada, travada por quase um mês,
esperando a resposta de um técnico. Se ele seguiria ou não como
responsável pelo time em 2018.
Enquanto isso, ele se reunia e acertava sua ida para a Seleção Chilena.
Jornais andinos tinham até os detalhes. Receberá US$ 3,5 milhões por
anos, R$ 11,3 milhões. Cerca de R$ 930 mil mensais. E a promessa de
carta branca da Federação Chilena de reformular todo o elenco. A meta é
classificar o time para o Mundial do Catar, em 2022, não importando
outras competições, como Copa América.
A proposta é excelente para o colombiano de 60 anos. Ele já comandou o
selecionado do seu país, Honduras e Equador. E quer participar da
próxima Copa do Mundo.
Tudo perfeito e normal.
Só que a sua postura foi vergonhosa. Rueda ganhava R$ 600 mil mensais
na Gávea. E, em quatro meses de trabalho, mesmo com o time jogando muito
menos do que se sonhava com ele, o Flamengo chegou à duas finais. A
Copa do Brasil e a Copa Sul-Americana. Acabou com dois vices.
Só que Reinaldo avisou a todos que 2018 seria diferente. Seria o ano
das conquistas. Ele já estava integrado, conhecedor em detalhes do
futebol brasileiro. Teria a pré-temporada para formar o 'seu' Flamengo.
Mais agressivo, vibrante, com a intensidade que marcou, por exemplo, o
Atlético Nacional, campeão da Libertadores de 2016.
Getty
O presidente Eduardo Bandeira de Mello e seus companheiros de direção
se animaram. E respeitaram o treinador que dizia viver um drama pessoal.
Sua mãe estava muito adoentada na Colômbia. Até por conta disso, os
dirigentes não o cobraram como deveriam. Esperaram, esperaram,
esperaram. Torciam que os boatos de acerto com a Seleção Chilena fossem
mentirosos.
Só que Rueda havia e Bandeira de Mello haviam feito um acordo muito
estranho. E que deixava qualquer ingênuo perceber que o técnico nutria a
esperança de sair do Flamengo. Quando ele contratado, ele pediu uma
multa para se proteger do canibal futebol brasileiro, que adora demitir
treinadores.
Ela era de 1 milhão de dólares. R$ 3,2 milhões seria um bom preço para a
humilhação de ser mandado embora da Gávea. Só que Rueda exigiu que, a
partir de janeiro de 2018, essa quantia caísse para 400 mil dólares, R$
1,2 milhão. Por que ele pediu essa redução é fácil imaginar. Queria
deixar mais palatável sua saída, caso qualquer selecionado o quisesse
contratar. Além do Chile, a Colômbia cogitou seu nome.
Agora é inadmissível acreditar o porquê de Bandeira de Mello se
sujeitar a essa cláusula no contrato. O dirigente mostra sua força, sua
convicção, seu respeito nestas horas de impasse. O Flamengo ficou de
joelhos para ter o treinador. A história importante, gloriosa do clube
que tem mais torcedores em todo o Brasil, não merecia essa submissão.
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A situação ficou ainda mais deplorável. Prevendo o pior, Bandeira de
Mello autorizou a contratação de Paulo César Carpegiani. O veterano
técnico, que fará 69 anos em fevereiro, seria o novo coordenador de
futebol. Se Rueda seguisse a trabalhar como treinador flamenguista. Caso
contrário, quisesse ir embora, Carpegiani assumiria o time.
Situação bizarra e que culminou da pior maneira possível.
Rueda não ficou seu mês inteiro tratando da mãe. Acertou sua ida para
receber muito mais do que ganhava na Gávea. E vai comandar o Chile, como
inúmeros jornais publicaram, avisaram Bandeira de Mello. Mas o
dirigente não quis acreditar. Apostava na palavra do técnico, que se
fosse para outro lugar, avisaria.
Bandeira de Mello deixou a programação do Flamengo parada, estagnada.
Sem a orientação de um treinador, não foi feita sequer uma contratação.
Até as dispensas ficaram paradas. O futebol do clube que disputará a
Libertadores, em um ano atípico, com calendário frenético, por causa da
Libertadores, seguiu um mês sem rumo. Mês de férias precioso.
Rueda sai pela porta dos fundos. Bandeira de Mello o deixou humilhar o Flamengo
Flamengo
Rueda chegou em agosto. Comandou o time em 31 partidas, com 13
vitórias, 10 empates e oito derrotas (52,6% de aproveitamento). Teve o
Flamengo a seus pés. Fez o que quis. Inclusive colocando poucas vezes o
garoto Vinícius Júnior, para revolta de dirigentes e conselheiros.
Bandeira de Mello cansou de discutir, defendendo o colombiano.
Mas agora sai pela porta dos fundos.
Marcado com um treinador sem palavra, sem consideração, egoísta inconsequente.
Só que Rueda fez o que fez porque o Flamengo permitiu.
Tivesse comando, no dia seguinte que surgiram os boatos que ele iria
para o Chile, Bandeira de Mello mandasse um dos vários responsáveis pelo
futebol do clube para a Colômbia. E resolvesse de vez essa questão. Não
desperdiçaria um mês de trabalho, de planejamento.
O Flamengo não foi humilhado por Rueda.
O Flamengo se deixou humilhar...
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