Candidatos a motorista têm que responder a um questionário do Detran sobre as próprias condições de saúde.
Quem tem epilepsia não é, necessariamente, impedido de dirigir. Mas,
assim como nos casos de algumas outras doenças, precisa tomar alguns
cuidados.
Motorista ao volante. Tudo parece ir bem até que de repente tudo fica
escuro. Foi o que aconteceu na noite da quinta-feira (18) em Copacabana,
no Rio. A epilepsia é uma das situações em que a perda dos sentidos
pode significar risco para o motorista e para quem estiver por perto –
dentro ou fora do veículo. Risco que pode ser bastante reduzido.
Todos os anos, mais de dois milhões de brasileiros tiram carteira de motorista. O Detran
é o responsável pela avaliação psicológica e os exames de aptidão
física e mental dos candidatos. Mas uma parte dessa avaliação é de
responsabilidade exclusiva dos candidatos. Eles têm que responder a um
questionário sobre as próprias condições de saúde. Essas respostas são
tão importantes, que, por lei, quem não der as informações corretas pode
pegar de um a três anos de prisão, além de multa.
O candidato deve responder se toma remédio, se já sofreu tonturas ou
desmaios e se tem doenças como diabetes, epilepsia, entre outras. São
poucos os problemas de saúde que impedem alguém de dirigir legalmente.
“O que são consideradas pessoas inaptas na resolução? São as pessoas
que não tem como ter um tratamento ou correção do problema médico dela”,
explica Márcio Dias, advogado especialista em trânsito.
Epilepsia tem tratamento. Quando o candidato informa que tem a
síndrome, ele deve realizar exames complementares, provar que está há
pelo menos um ano sem crises e ter acompanhamento médico regular.
No carro dirigido por Antônio Anaquim foram encontrados três
medicamentos antiepiléticos: Lamitor, Depakote e Tegretol, indicados em
casos de epilepsia severa, segundo o neurocirurgião Guilherme Lepski:
“Se elas precisam, tomam dois, três remédios. Significa que a crise é de
mais difícil controle. Esse risco não é zero, nunca tem risco zero na
medicina”.
A perda dos sentidos ao volante também parece ter sido a causa de outro
acidente com vítimas em Brasília na mesma noite. Luciana Pupe Vieira,
de 46 anos, é diabética e teria tido uma crise de hipoglicemia. O carro
dirigido por ela invadiu o canteiro em alta velocidade e matou o casal
Evaldo e Dulcinéia da Silva, de 75 e 71 anos.
Luciana teve traumatismo craniano e fraturas pelo corpo. Ela está
internada em estado grave. Diabetes é uma das doenças que exigem exames
médicos complementares.
Para o especialista Alberto Francisco Sabbag, diretor da Abramed, falar
a verdade para o médico do Detran na hora de preencher o questionário, é
a condição para evitar novas tragédias.
“O que está faltando é um maior diálogo entre o médico e aquele
condutor com problema, de orientá-lo dos perigos que ele está correndo
sendo portador de determinada doença ou fazendo uso de determinados
medicamentos. Então, neste caso, a resposta clara, objetiva e verdadeira
do questionário inicial é fundamental para o médico de tráfego poder
orientar a pessoa”, afirma Sabbag.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.