A construção civil gerou empregos, renda, impostos mesmo no período mais difícil enfrentado pelo mundo neste século
A construção civil, em termos de geração de renda e emprego, foi uma das áreas menos afetadas da economia durante os dois anos de pandemia. Os canteiros de obra se multiplicaram em todas as regiões do País. Em Sorocaba, as construtoras anteciparam lançamentos e venderam quase todo o estoque de imóveis disponível.Só que nem tudo foi notícia boa para o setor. Os custos dos materiais se elevaram por conta do desarranjo do mercado mundial. Houve escassez de matéria-prima e o preço disparou, impactando o valor previsto nas planilhas de cada obra. Foi necessário muito jogo de cintura para respeitar os contratos previamente acordados com os clientes. Mesmo assim, o saldo foi positivo.
O Índice de Confiança da Construção (ICST), medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), teve alta de 1,2 ponto de maio para junho deste ano. O crescimento veio depois de uma queda de 1,4 ponto, na passagem de abril para maio. Com isso, o indicador chegou a 97,5 pontos, em uma escala de 0 a 200 pontos. O Nível de Utilização da Capacidade (Nuci) da Construção subiu 1,1 ponto percentual e chegou a 77,1%.
Já no campo dos custos, o Índice Nacional de Custo da Construção-M (INCC-M), medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), registrou inflação de 2,81% em junho deste ano. Ela é superior ao valor de maio (1,49%) deste ano e maior que os 2,30% de julho de 2021.
Com o resultado, o INCC-M acumula inflação de 7,20% no ano e de 11,75% em 12 meses. Em julho de 2021, o INCC-M acumulado em 12 meses era de 16,88%.
Em junho deste ano, a taxa relativa a materiais, equipamentos e serviços ficou em 1,4%, abaixo do 1,55% de maio. Já o subíndice da mão de obra chegou a 4,37% em junho, ante 1,43%, em maio.
Desde o início da pandemia, a construção civil manteve trajetória positiva no mercado de trabalho. O setor, que possuía 1,926 milhão de trabalhadores com carteira assinada em junho/20, apresentou em abril de 2022 um salto para 2,428 milhões, de acordo com os dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados no início de junho, pelo Ministério do Trabalho. Segundo a economista da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Ieda Vasconcelos, os dados apontam que desde os primeiros meses da pandemia, o setor já gerou mais de meio milhão de novas vagas com carteira assinada. “Esse resultado demonstra a força da construção para impulsionar a economia nacional”, disse Ieda.
Desde junho de 2020, com exceção dos meses de dezembro de 2020 e dezembro de 2021, que são sazonais, o setor vem registrando desempenho positivo na criação de novos empregos com carteira assinada. Em abril deste ano, foram criadas 25.341 novas vagas.
Ainda de acordo com a economista, desagregando por segmento, de julho 2020 a abril de 2022, observa-se que do total de 501.769 novas vagas geradas pelo setor, 40,7% foram na construção de edifícios (204.232), os serviços especializados para a construção foram responsáveis por 37,9% (190.183) e as obras de infraestrutura por 21,4% (107.354 novos empregos). “Apesar do resultado satisfatório, a queda dos lançamentos imobiliários registrada no primeiro trimestre do ano preocupa o setor. Para que o mercado se mantenha dinâmico, o ciclo de novos negócios precisa estar em constante renovação‘, apontou a economista Ieda Vasconcelos.
Para o presidente do SindusCon-SP, Odair Senra, “o saldo positivo na criação de novos empregos demonstra que, apesar das dificuldades em relação ao aumento dos preços dos materiais, a atividade da construção segue em expansão”. Mesmo assim, segundo ela, “seguimos antevendo uma desaceleração do ritmo de elevação do nível de emprego em obras a partir do segundo semestre, em função da presente redução do volume de lançamentos de empreendimentos imobiliários.”
Das vagas abertas pela construção em abril, 7.444 do total foi registrado no Estado de São Paulo, seguido pelo Rio de Janeiro (2.935), Bahia (2.644), Rio Grande do Sul (1.923), Santa Catarina (1.887), Goiás (1.816) e Mato Grosso (1.101).
O setor da construção civil fez a sua parte durante a pandemia. Movimentou bilhões de reais apesar das dificuldades impostas por governantes que queriam fechar tudo indiscriminadamente e ajudou o país a manter bons índices de crescimento. Gerou empregos, renda, impostos mesmo no período mais difícil enfrentado pelo mundo neste século. E essa contribuição tende a seguir. Já que a confiança dos empresários do setor, diante do quadro econômico vivido pelo Brasil, segue em alta. É esse tipo de otimismo que a sociedade precisa para impedir que novas crises se instalem por aqui.
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