A recente liberação da insulina inalável (03/06) marca a passagem do
Dia Nacional do Diabetes nesta quarta-feira (26). O medicamento,
autorizado para venda e consumo pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária em oito formas de apresentação, ainda precisa ser importado
dos Estados Unidos.
Para o médico e pesquisador Freddy Goldberg Eliaschewitz, a
disponibilidade do medicamento pode ajudar no tratamento da doença no
Brasil, pois é mais confortável do que a aplicação da insulina por
injeção e o manejo é mais eficiente. A insulina inalável começa a
funcionar em 10 minutos no organismo e o efeito dura até 90 minutos.
A insulina injetável pode demorar até 60 minutos para começar a fazer efeito e permanece ativa por até cinco horas no organismo.
“Por um lado, se o paciente aplica a insulina injetável antes do
almoço e o medicamento demora a agir, o nível de açúcar sobe muito no
início da refeição. Muitas vezes, a comida foi ingerida, mas a insulina
nem começou a agir. Por outro lado, se o efeito da insulina demora a
passar, o paciente pode sofrer uma queda de açúcar mais adiante. A
absorção dos alimentos já terminou, mas a insulina continua agindo”,
explica Eliaschewitz que é médico Hospital Israelita Albert Einstein e
diretor clinico do Centro de Pesquisas Clinicas, que desde 2014
trabalhou nos testes para o desenvolvimento da nova droga.
O diabetes é considerado uma doença crônica onde o pâncreas não
produz insulina suficiente ou quando o organismo do paciente não
consegue utilizá-la. A insulina é o hormônio que regula a glicose no
sangue.
Fora de controle
Eliaschewitz descreve que já há cerca de 15 milhões de pessoas com
diabetes no Brasil, mas 90% dos pacientes com o tipo 1 e 73% dos que
sofrem com o tipo 2 “não têm controle sobre a doença”. Ele contabiliza
que “metade dos pacientes não controla a doença por falta de
conhecimento do diagnóstico. Entre os que sabem do diabetes, metade não
vai com regularidade ao médico. E mesmo os que vão, mais da metade não
toma os devidos cuidados”.
Segundo o Ministério da Saúde, o diabetes do tipo 1, geralmente,
surge na infância ou adolescência. “A causa desse tipo de diabetes ainda
é desconhecida (…) Sabe-se que, via de regra, é uma doença crônica não
transmissível genética, ou seja, é hereditária, que concentra entre 5% e
10% do total de diabéticos no Brasil”.
O diabetes do tipo 2 é mais frequente em adultos e está diretamente
relacionado ao sobrepeso, ao sedentarismo e à má alimentação. “Ocorre
quando o corpo não aproveita adequadamente a insulina produzida”,
explica o Ministério da Saúde.
Para Freddy Eliaschewitz, o Brasil vive uma “pandemia de diabete do
tipo 2 a reboque da pandemia de obesidade”. Segundo ele, o país poderá
viver no futuro uma pandemia das complicações causadas pela doença, “que
são penosas e custosas de tratar”, como o glaucoma, problema nos rins e
disfunção erétil.
De acordo com o Sistema de Informações sobre Mortalidade (Ministério
da Saúde), entre 2010 e 2016, mais de 406 mil pessoas morreram por causa
do diabetes. No período, o número de mortes cresceu 11,8% por causa da
doença, saindo de 54.877 mortes (2010) para 61.398 (2016).
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