O volume de empréstimos imobiliários no Brasil com recursos da
poupança caiu 33 por cento em 2015 e deve voltar a cair em 2016, além de
ficar mais caro, previu nesta terça-feira a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abec
O volume de empréstimos imobiliários no Brasil com recursos da
poupança caiu 33 por cento em 2015 e deve voltar a cair em 2016, além de
ficar mais caro, previu nesta terça-feira a Associação Brasileira das
Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), refletindo a
recessão do país e escassez de recursos baratos, que estão pesando sobre
construtoras e potenciais mutuários.
egundo a entidade, o volume financiado pelo setor no ano passado somou 75,6 bilhões de reais,
ante 112,9 bilhões de reais em 2013. Em dezembro, foram liberados 4,8
bilhões de reais, 55,2 por cento a menos que um ano antes.
Para 2016, os financiamentos do setor devem cair mais 20,6 por cento,
a 60 bilhões de reais, previu o presidente da Abecip, Gilberto Duarte
de Abreu Filho, ressaltando que o cenário econômico impôs uma forte correção no setor, após vários anos de expansão acelerada apoiada em juros baixos e incentivos governamentais.
Segundo o executivo, a queda de 8,4 por cento do PIB da construção civil em 2015 até setembro, mais que o dobro da queda do PIB brasileiro
no período, reflete o peso maior do cenário econômico adverso sobre a
confiança de consumidores e empresários do setor, dado o perfil de longo
prazo.
Com a expectativa de aumento do desemprego, juros elevados e volume
menor de recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos
(SBPE), além da maior prudência dos bancos na concessão de recursos, o
mercado imobiliário todo deve gradualmente se ajustar a patamares
inferiores, disse ele.
"Estávamos no mesmo ritmo de produção dos Estados Unidos em seu
melhores anos", disse Abreu Filho. "O mercado continuará passado por
ajustes nos próximos anos."
Após ter crescido quase 800 por cento em nove anos até 2014, quando o
número de imóveis financiados pelo SBPE chegou a 538 mil unidades, no
ano passado este número caiu para 342 mil, movimento pontuado por
menores vendas e lançamentos.
Um dos responsáveis por esse revés foi a saída líquida em 2015 de 50
bilhões de reais da caderneta de poupança, maior fonte de financiamento
imobiliário do país.
Com isso, o estoque de financiamentos, que vinha subindo sem parar
desde 2002, teve no ano passado uma queda de 2,5 por cento, a 509
bilhões de reais.
A saída de recursos da poupança aconteceu paralelamente ao ciclo de
aumento da taxa de juros no país, hoje em 14,25 por cento. A poupança
rende 6 por cento anuais, mais TR.
Diante desse cenário, os bancos seguirão seletivos na concessão de
empréstimos em 2016, e exigindo uma entrada maior do tomador, disse
Abreu Filho.
Para não depender exclusivamente da poupança, os bancos devem buscar
recursos no mercado por meio de instrumentos como Letra de Crédito
Imobiliário (LCI).
"Ou o mercado vai se submeter aos recursos da poupança ou terá que
mesclar a fonte de financiamento com recursos do mercado", disse o
presidente da Abecip.
"Nesse caso, o resultado deve ser o encarecimento do crédito para o
tomador." Outro desdobramento desse quadro deve ser o aumento do
desemprego no setor.
A Abecip diz que os prédios residenciais têm um período médio de três anos para serem concluídos.
"O setor teve queda de mais de 30 por cento no volume de construção
em 2015. Se esse patamar for mantido, a tendência é que a redução de mão
de obra seja equivalente", disse.
Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged)
divulgado na semana passada, o setor de construção civil teve perda
líquida de 416.959 postos de trabalho em 2015.
Novo índice
Um dos desdobramentos desse processo deve ser a pressão sobre os
preços dos imóveis, especialmente os usados, modalidade cujo
financiamento teve queda mais acentuada em 2015, de 50 por cento.
Para acompanhar a evolução dos preços no setor, a Abecip vai lançar
em 2016 um novo índice, que considerará o valor da venda de imóveis.
Atualmente há diversos indicadores públicos que se baseiam no preço
ofertado.
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