Desligamentos e intenção das empresas de não pagar o IPTU à vista podem tornar quadro econômico ainda mais delicado
O
primeiro sinal da crise econômica que se agravou no polo com as
demissões na Usiminas é a queda na receita orçamentária da Prefeitura.
“A cidade de Cubatão fecha”, prevê a prefeita Márcia Rosa diante das
dificuldades que já começa a experimentar neste mês.
As
indústrias que possuem extensas áreas de terras na cidade, como a
Usiminas e a Petrobras, dão sinais de que não vão pagar o IPTU à vista,
como aconteceu no passado. Só a Usiminas paga cerca de R$ 24 milhões de
IPTU anuais (segundo informações extra-oficiais).
A
soma de débitos de outros contribuintes de IPTU semelhantes duplica
esse valor, pois a estimativa orçamentária da municipalidade para este
ano é de arrecadar R$ 32 milhões de Imposto Predial e R$ 67 milhões de
Territorial.
Pagar salários
Sem
receber esses recursos de uma única vez como ocorria no passado, já que
as empresas diante da crise vão parcelar mensalmente os débitos, a
prefeita não sabe o que fazer para pagar os salários de cerca de 4 mil
servidores em janeiro. E por isso teme pelo futuro da cidade. Não serão
apenas trabalhadores diretos e indiretos (de empreiteiras que prestavam
serviços à Usiminas) os afetados: os servidores públicos, o comércio, e a
população que deixará de contar com serviços de atendimento médico,
social e educacional.
Ela espera até
dia 25, limite do pagamento do IPTU com descontos, para juntar dinheiro.
“Nós demos o desconto do IPTU de 5% para o pagamento à vista, mais 10%
do projeto Bom Empreendedor. Hoje é o último dia do pagamento à vista.
As empresas sempre pagaram a vista. Liguei pra empresa A, vamos pagar
parcelado, As empresas B e C também”, explica a prefeita.
Na
última quinta-feira, ao participar do Fórum Cresce Baixada Santista no
Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil, Márcia Rosa contou que
telefonou para a diretoria do Centro das Indústrias do Estado de São
Paulo (Ciesp): “Perguntei: ‘É um conluio das empresas?’ Pedi para o
diretor do Ciesp, que também representa a Vale Fertilizantes, para
liberar o IPTU integral, porque nós não temos dinheiro para pagar
professor, médico, funcionário público, nem o hospital. Não temos
dinheiro para pagar nada!”.
Tradicionalmente, o mês de janeiro é, segundo a prefeita, “o que entra a gordura orçamentária de Cubatão. E a maior gordura é o IPTU das indústrias. E o maior deles é a Usiminas, que também falou que vai parcelar. Eles disseram que tinham dinheiro para demitir, indenizar, mas saem de Cubatão desempregando a Cidade”.
Tradicionalmente, o mês de janeiro é, segundo a prefeita, “o que entra a gordura orçamentária de Cubatão. E a maior gordura é o IPTU das indústrias. E o maior deles é a Usiminas, que também falou que vai parcelar. Eles disseram que tinham dinheiro para demitir, indenizar, mas saem de Cubatão desempregando a Cidade”.
Cidade será afetada em várias áreas
Esse
quadro crítico estenderá o processo de demissões na Usiminas a outros
setores da cidade, explica a prefeita. “Por exemplo, a parcela do
hospital municipal, que é mantido pela Prefeitura, será prejudicada. Não
pagamos ainda o hospital. Isso significa que os médicos vão parar, pois
já fizeram várias ameaças. Já tivemos um período que pararam a UTI
neonatal. Por isso, a situação da Cidade é: está fechada”.
Além
da queda da parcela prevista do IPTU para janeiro, Cubatão teme a
redução das parcelas que recebe do ICMS recolhido pelo Estado. Para este
ano, a previsão é de receber R$ 380 milhões (menos R$ 76 milhões de
dedução do Fundeb). E, como as empreiteiras que prestam serviços ao polo
e à Usiminas estão tendo contratos cancelados, dificilmente receberá a
parcela do Imposto Sobre Serviços (ISS) estimada em R$ 200 milhões.
Resultado:
a Prefeitura não dispõe de recursos orçamentários para quitar os
salários de funcionários neste mês. Vai ter que fazer remanejamentos de
recursos orçamentários para saldar os débitos.
E
serão automaticamente atingidos também funcionários do Hospital
Municipal, CMT, Caixa de Previdência e entidades assistenciais que
prestam serviços subsidiados e terceirizados.
Demitir
“Só
o pagamento da Vale não salda 1/3 da folha dos servidores, sem contar
os serviços essenciais (lixo, saúde, educação, transporte). Se no dia 25
as empresas depositarem o IPTU podemos ainda ter uma expectativa de
tocar a cidade. Mas só no mês de janeiro. E depois? O ISS? O comércio
está falido. Já é pequeno porque não tem condições de competir com os
shoppings nas outras cidades e estamos a dez minutos de carro das outras
cidades”.
Nesse quadro, Marcia Rosa
não vê saída. “Vamos ter que demitir funcionários da ativa concursados,
porque já estamos no limite de 54% da folha. Se cair mais, tem que
demitir até porque comissionados não tenho. Para cumprir a Lei de
Responsabilidade Fiscal. Tem que fazer escolhas num cenário nebuloso,
sem perspectiva”, lamenta.
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