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Em evento da OEA, Cardozo criticou violência em jogos e esportes, mas não disse como o governo lidaria com o tema |
O ministro da
Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou na quinta-feira nos Estados
Unidos que a "apologia à violência" em esportes e videogames alimenta a
criminalidade no Brasil.
"A violência é hoje cultivada e aplaudida,
seja em esportes ou jogos de crianças pequenas", disse Cardozo na sede
da Organização dos Estados Americanos (OEA), em Washington. No evento, o
ministro apresentou os principais pontos do pacto nacional contra
homicídios que o governo federal deverá lançar nas próximas semanas.
"Outro dia ouvi um especialista dizer que nunca viu um game em que o vencedor é quem salva vidas, pois o vencedor é sempre quem mata.
Essa cultura da exaltação da violência se projeta e acaba banalizando a
violência, disseminando uma realidade perversa em que seres humanos
podem aniquilar, ferir os outros em atos que são socialmente
reprovados", afirmou Cardozo.
O ministro não deu detalhes de como o
governo pretende lidar com o tema. Questionado pela BBC Brasil se, ao
mencionar a violência em esportes, ele se referia ao UFC (competição de
lutas marciais mistas com crescente popularidade no país), Cardozo disse
que não tratava de nenhuma modalidade específica.
"Às vezes tenho visto violência até em esportes que não tendem minimamente a ser violentos, como jogos de futebol", afirmou.
Especialistas
se dividem quanto à relação entre a violência virtual e a real. Um
estudo recente da American Psychological Association concluiu que games
violentos podem estimular comportamentos agressivos em usuários. A
pesquisa não encontrou indícios, porém, de que os jogos estimulem atos
criminosos.
Pacto nacional
Segundo
Cardozo, o pacto nacional contra homicídios envolverá os Três Poderes,
Estados, municípios e a sociedade civil. "Todos terão que participar,
superando as divergências."
Ele disse que as ações enfocarão 81 municípios – em sua maioria no Nordeste – que concentram quase a metade dos homicídios no país.
O plano estimulará a integração das polícias, a instalação de câmeras nas áreas mais violentas e o treinamento de peritos, para que os crimes sejam melhor investigados.
Segundo Cardozo, será criado um "comando integrado" para monitorar a implantação do plano nessas 81 cidades.
O
ministro disse ainda que buscará um entendimento entre o Judiciário e o
Ministério Público para que, nesses municípios, priorizem-se processos
que envolvam crimes violentos, para agilizá-los.
Em outra
vertente, afirma o ministro, o governo promoverá campanhas de
desarmamento. Pessoas poderão entregar armas anonimamente e receber um
pagamento por elas.
Cardozo
diz que o governo também tentará sensibilizar promotores e juízes sobre
os males da "cultura do encarceramento, aquela que faz parecer que a
única sanção eficaz é a privação da liberdade".
O ministro afirma que essa visão provocou a superlotação das prisões brasileiras, que se tornaram "escolas de criminalidade".
"Enquanto
prevalecer entre os nossos operadores do direito essa cultura do
encarceramento, jamais resolveremos os problemas do nosso sistema
carcerário", disse Cardozo.
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