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terça-feira, 9 de maio de 2023

Aumento da tensão entre os EUA e a China é a principal preocupação da Suzano Papel Celulose

Maior produtora de celulose do mundo, Suzano considera vender para China em yuan


Aumento da tensão entre os EUA e a China é a principal preocupação da empresa, já que pode prejudicar a demanda e os preços da celulose por mais tempo




Bloomberg: Quais são as perspectivas para os mercados globais de celulose?

Schalka: Estamos muito acostumados com a volatilidade dos preços da celulose e neste momento os preços estão abaixo do custo marginal de muitos produtores no mundo.

Não acreditamos que seja uma situação sustentável. Muitos players integrados estão reduzindo sua produção de celulose e comprando de players não integrados. Essa situação fará com que, em questão de meses, o preço volte a subir.

Bloomberg: Como empresa, quais sinais vocês enxergam de que estamos entrando em uma recessão?

Schalka: O negócio de tissue globalmente é muito estável. Em papéis de imprimir e escrever, os EUA têm sinais um pouco fracos. A China está indo bem e a Europa está em situação pior: o mercado está em baixa.

Talvez estejamos começando a ver recessão na Europa, em estágios iniciais, em comparação com outras regiões. Temos uma grande participação em muitos mercados e estamos seguindo muitas das empresas de bens de consumo embalados (CPG, na sigla em inglês). Então sabemos exatamente o que está acontecendo.

Bloomberg: Qual é a estratégia da Suzano em relação aos preços mais baixos? Vocês vão reduzir a capacidade?

Schalka: Não vamos cometer o mesmo erro que cometemos em 2019. Naquela época, na expectativa de que teríamos preços mais estáveis, decidimos aumentar os estoques.

Agora, decidimos que não vamos alterar os estoques. Sem grandes mudanças. Algumas de nossas fábricas não estão gerando retorno de capital suficiente, mas em todas elas temos um fluxo de caixa positivo.

O mesmo não acontece com nossos concorrentes na China, Escandinávia, Canadá e Península Ibérica: eles estão se afundando porque seu custo é superior ao preço de mercado.

Nossa percepção é que eles estarão em uma situação em que serão forçados a fechar algumas de suas instalações.

Bloomberg: Vocês têm sido uma voz ativa contra o desmatamento da Amazônia no Brasil. Qual é a sua opinião sobre a política ambiental do novo governo Lula?

Schalka: Temos estado em contato com o governo. Eles têm o discurso certo. É apenas o plano de ação que não é tão rápido quanto o esperado. Precisamos ter desmatamento ilegal zero. Isso é crítico para o mundo.

Bloomberg: Como estão as condições para emissão de títulos verdes e investimentos verdes para empresas brasileiras, especialmente no governo Lula?

Bacci: Emitimos vários títulos nos últimos anos e o prêmio que obtivemos foi significativo para nós. Com a mudança dos juros, ficou menos interessante para nós emitirmos isso.

O mercado está lá, mas com taxas maiores do que costumava ser. Além disso, quando o mercado é menos líquido, é mais difícil extrair um prêmio para qualquer estrutura como um título verde.

Schalka: Estou um pouco decepcionado com o mercado financeiro porque todo mundo fala em trabalhar com atividades verdes, mas o greenium agora está próximo de zero. Qual seria o benefício para as empresas fazerem uma oferta de títulos verdes com prêmio zero ou próximo de zero?

Bloomberg: Após a aquisição dos ativos da Kimberly-Clark no Brasil, vocês considerariam entrar no mercado de CPG em outras regiões?

Schalka: Há duas coisas que consideramos para investir. Uma delas é a diferenciação: não queremos estar no meio do pelotão. Não vemos nenhuma diferenciação em CPG fora do Brasil.

A outra coisa é a escala. Não estamos entrando em nenhum projeto que não possamos transformar em um grande negócio no longo prazo.

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