Time controla o clássico contra o Fluminense, mas falha nas finalizações e é novamente vazado em jogada aérea
Onze finalizações, 64% de posse de bola, quase o dobro de passes trocados em relação ao adversário. Olhar os números do Flamengo no clássico do Fluminense faz supor que o time rubro-negro venceu o jogo com folga e construiu vantagem na final do Campeonato Carioca.
Em vez disso, o que se apresentou no gramado foi um roteiro que vem se repetindo na temporada. O Flamengo domina o jogo, cria mais oportunidades, se impõe ao rival, mas não vence. O 1 a 1 no jogo de ida da decisão carioca, no Maracanã, simbolizou esta questão.
- Criamos situações de um contra um, cara a cara com o goleiro. Infelizmente, como aconteceu em outros jogos, em que tivemos domínio e criamos situações, não conseguimos converter. E no fim o Fluminense consegue fazer seu gol. Ainda oferecemos uma oportunidade para o Fluminense virar. Como jogo em si, sob controle, tivemos a maioria das oportunidades de definir a partida. Infelizmente não definimos - resumiu Rogério Ceni após a partida.
Força máxima e início dominante
Ceni mandou a campo a máxima força que tinha à disposição, com os retornos de Rodrigo Caio e Gerson ao time. A dupla, inclusive, mostrou novamente por que é tão importante para o Flamengo - o zagueiro deu rara tranquilidade à defesa rubro-negra, e o volante foi o melhor da equipe na partida.
Com liberdade para atacar e chegar à área, Gerson foi a chave para o Flamengo encontrar superioridade na parte ofensiva e superar a marcação tricolor no primeiro tempo. Cada infiltração do volante era um lance de perigo. Não à toa, o pênalti que originou o gol de Gabigol foi sofrido pelo camisa 8.
A cobrança certeira de Gabigol traduziu no placar a superioridade do Flamengo no primeiro tempo. O Fluminense até tentou, no início, sufocar a saída de bola rubro-negra, mas perdeu intensidade aos poucos e viu Diego e Gerson controlarem o ritmo no meio-campo. A arma tricolor era forçar jogadas sobre Isla, mas o chileno, apesar do cartão amarelo, conseguiu se safar.
Chances desperdiçadas
O controle do Flamengo, porém, não foi o suficiente para ampliar a vantagem. O time teve muito espaço, durante todo o jogo, mas faltou maior ímpeto e mais eficiência.
Por diversas vezes os jogadores de ataque receberam de frente para a zaga do Fluminense, a situação mais buscada por treinadores, mas na maioria delas erraram na conclusão da jogada. Arrascaeta, por exemplo, finalizou duas vezes da entrada da área; Vitinho teve chance similar no fim da partida, em chute que passou muito perto.
Conforme desperdiçava oportunidades, o Flamengo se abria mais uma vez para o acaso. O Fluminense trocou peças, recuperou o fôlego e conseguiu equilibrar a partida aumentando o ritmo. Numa bola jogada na área, um ponto fraco rubro-negro na temporada, saiu o empate.
O roteiro foi similar ao do jogo contra a Unión La Calera: um Flamengo dominante, mas que não soube traduzir este controle em gols. E pior: é punido com severidade a cada vacilo da defesa. Desta vez, porém, saiu até no lucro: Luiz Henrique perdeu um gol de cara para Gabriel Batista, após Filipe Luis, Gomes e Willian Arão se atrapalharem no meio-campo.
O resultado liga o mesmo alerta do empate no Chile. O Flamengo, com o elenco que tem, com o time que possui, com o volume de jogo que produz, precisa transformar toda esta superioridade em gols.
O estilo de jogo da equipe naturalmente deixa o time mais exposto, e qualquer erro defensivo será maximizado, mas é preciso trabalhar para encontrar este equilíbrio ou, pelo menos, compensar ofensivamente.
Um número curioso que ajuda a explicar esta fragilidade defensiva está no próprio clássico: mesmo com apenas 36% de posse de bola no jogo, o Fluminense finalizou oito vezes, apenas três a menos que o Flamengo.
O momento para corrigir estes problemas está chegando. Uma final estadual contra um rival é grande oportunidade para o Flamengo mostrar evolução na temporada e se mostrar mais confiável para os demais desafios do ano. A resposta será conhecida no próximo sábado.
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