O GF88 (finos para pelotização) é filho do IOCJ (minério com grau de pureza de 65%), que só é encontrado em Parauapebas, Canaã e Curionópolis. Minério do Pará afoita até portugueses.
O alto teor apurado no minério de ferro saído dos municípios de Parauapebas, Canaã dos Carajás e Curionópolis, onde o grau de pureza pode bater 66%, criou uma espécie de fenômeno no mercado transoceânico e gerou até mesmo um novo produto intitulado GF88, que nada mais é senão finos usados no processo de pelotização. As informações foram publicadas este final de semana pela agência Reuters, a partir de uma conferência apresentada pelo diretor-executivo de Ferrosos da Vale, Marcello Spinelli.
Hoje, o minério de ferro extraído do complexo minerador de Carajás, no sudeste do Pará, é conhecido na China pela alcunha de IOCJ e tem teor de 65%. O IOCJ é o pai do GF88 e deve elevar a proporção de pelotas nas siderúrgicas chinesas dos atuais 14% para 19% até 2025, segundo estima o executivo da Vale.
Na prática, essa elevação de participação das pelotas provenientes de Carajás na China implica ganhos para aquele país porque, devido à qualidade do produto paraense, as políticas de combate à poluição caminham para serem cumpridas, com a emissão de menos gases tóxicos lançados à atmosfera pelas siderúrgicas. Pequim decidiu transferir dezenas de siderúrgicas para regiões costeiras como medida de despoluição nas cidades industriais.
Por outro lado, para garantir o suprimento da demanda, a mineradora Vale deve ampliar a capacidade de extração de minério de ferro de alto teor na Serra Sul de Carajás, onde o custo-benefício da produção é praticamente metade do registrado na Serra Norte.
Portugueses querem logística no MA
De olho no movimento retumbante da extração mineral de Carajás na próxima década, um grupo português intenciona investir até R$ 13 bilhões em porto e ferrovia, mas no vizinho estado do Maranhão, aproveitando-se da logística já existente nos traçados da Estrada de Ferro Carajás (EFC) e da Ferrovia Norte-Sul. As informações foram publicadas no jornal Valor Econômico (veja aqui).
Se isso se concretizar, será o tiro fatal em eventuais perspectivas do Pará de industrializar aqui mesmo no estado o minério que produz a preço de banana. Nunca mais se ouviu falar, por exemplo, na minissiderúrgica que, um dia, talvez vire realidade em Marabá. A reportagem revela que o maior desafio para tocar o projeto será encontrar investidores satisfatoriamente dispostos a injetar recursos na ideia.
O empreendimento planejado pelos portugueses é totalmente privado e, de acordo com analistas, a Vale seria a maior interessada, já que a carga mais volumosa a trafegar pelos trilhos da nova ferrovia será o minério de ferro. A Vale, contudo, não comenta o assunto, segundo informou o Valor Econômico.
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