Brasil vira motivo de chacota nas redes sociais após cometer erros em publicidade usada fora do País
Fábio Wajngarten e Bolsonaro |
Abelardo Barbosa, conhecido como Chacrinha, o maior comunicador da televisão brasileira, falecido há 31 anos, continua atual. Autor de frases que marcaram a comunicação brasileira, como “quem não se comunica, se trumbica”, o velho guerreiro cunhou uma expressão que está servindo para orientar os aprendizes de comunicólogos do governo: “Eu não vim para explicar, eu vim para confundir”, dizia Chacrinha. Esse parece ser o mote adotado pela Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República, chefiada pelo publicitário Fábio Wajngarten.
Desde que assumiu o cargo em abril, ele se envolveu em várias confusões, que só tem servido para confundir ainda mais a decrépita política de comunicação do governo . O secretário está sendo acusado de privilegiar blogs e empresas amigas do bolsonarismo com verbas públicas e de estar por trás da demissão de jornalistas críticos do governo, mas o que mais chamou a atenção nos últimos dias para seu trabalho foi a divulgação de uma campanha publicitária no exterior com graves erros de grafia no inglês. A campanha, que deveria explicar a ação do governo na proteção da Amazônia, acabou virando motivo de chacota no exterior e se transformou em memes na internet.
Percebendo que a imagem do Brasil estava péssima, após a ineficiência governamental no combate às queimadas na Amazônia, Wajngarten decidiu desenvolver uma campanha na imprensa internacional para mostrar que o governo não estava insensível ao problema. O texto dizia: “Brazil reaffirms its sovereing actions of protection, susteinable development and preservation of the Amazon” (Brasil reafirma de forma soberana as suas ações de proteção, desenvolvimento sustentável e conservação da Amazônia). Ao invés de engrandecer o país, o texto foi ridicularizado. A palavra soberana se escreve em inglês como sovereign e não “sovereing”, como saiu na peça publicitária brasileira. E a palavra sustentável se escreve em inglês como sustainable e não “susteinable” como foi grafado. A repercussão negativa foi tão grande que a Secom apagou as publicações, mas o estrago já estava feito. A agência Calia, que fez o anúncio, assumiu os erros, mas a trapalhada ficou na conta de Wajngarten.
“Dedo-duro”
Depois que não conseguiu emplacar seu próprio nome na chefia da Secom, o vereador Carlos Bolsonaro começou a fazer campanha pela indicação de Wajngarten para o cargo. Mas os ministros Gustavo Bebianno e Santos Cruz tinham um pé atrás com o publicitário. Ele só conseguiu se fortalecer no posto com a saída dos dois ministros. Carlos queria que os blogs amigos do bolsonarismo recebessem mais recursos, em detrimento da imprensa tradicional. Por orientação de Wajngarten, as TVs Record, SBT e Rede TV!, que bajulam Bolsonaro, estão recebendo mais verbas publicitárias oficiais do que a TV Globo, líder disparada do mercado. No primeiro trimestre, a Record recebeu R$ 10,3 milhões (aumento de 659%), o SBT faturou R$ 7,3 milhões (alta de 511%) e a Globo apenas R$ 7,7 milhões (aumento de 19%).
Além privilegiar amigos, Wajngarten é acusado de estar por trás da demissão de jornalistas que trabalham nessas emissoras. O jornalista Fabio Pannunzio, da Band, saiu da empresa depois que passou a adotar uma postura crítica a Bolsonaro: “Eu reafirmo que ele (Wajngarten) tem o hábito de pedir cabeças de jornalistas, mas a minha demissão não está nessa conta dele. Eu pedi para sair”. Depois de um bate-boca com Wajngarten no Twitter, Pannunzio afirmou: “Você é um dedo-duro intrigante que só sabe pedir cabeças de jornalistas”. Já Wajngarten sugeriu a Pannunzio que ele perguntasse aos donos da Band se ele pediu sua cabeça alguma vez.
“Se eles confirmarem, eu me demito”. Pode até ser que Wajngarten não tenha nada a ver com demissões de jornalistas, mas que ele veio para confundir ninguém tem mais dúvidas.
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