Mais de mil bois morreram nos últimos dias, em uma fazenda de
Ribas do Rio Pardo, informou hoje (8) a Agência Estadual de Defesa
Sanitária Animal e Vegetal do Mato Grosso do Sul (Iagro). A suspeita é
que tenham morrido de botulismo. As mortes ocorreram em uma única
propriedade. Apesar desse tipo de doença não ser rara entre bovinos
confinados, o número chamou atenção nacionalmente.
A morte do
gado ocorreu na fazenda Mônica Cristina, entre 2 e 5 de agosto. Em nota,
os produtores dizem que foram tomadas todas as providências cabíveis,
como a convocação de professores da Universidade do Mato Grosso do Sul
para que examinar o rebanho e a agência foi notificada. Os procedimentos
recomendados para os animais mortos também foramm cumpridos.
"A
fazenda produz 80% dos animais da categoria de novilho precoce,
colaborando para produzir no estado a melhor carne do Brasil", diz o
comunicado, assinada por Persio Ailton Tosi, que acrescenta: "É um caso
isolado, não há o que se preocupar em termos de doença desconhecida ou
qualquer epidemia".
O botulismo é uma toxinfecção, ou seja, o
animal adquire a doença por meio da ingestão de toxinas produzidas por
uma bactéria. A toxina atua na musculatura, impedindo a contração
muscular, causando paralisia e levando a morte. Os sintomas aparecem de
um a 17 dias após a ingestão do alimento contaminado.
Também em
nota, a Iagro e a Superintendência Federal de Agricultura em Mato Grosso
do Sul, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)
dizem que os ingredientes para a fabricação da ração na propriedade são
de uso permitido por lei, "mas pode ter havido falhas na conservação,
propiciando condições favoráveis ao desenvolvimento do Clostridium e,
consequente, a produção da toxina".
Os órgãos informaram que
estão sendo tomadas todas as medidas necessárias para identificação da
causa, bem como a resolução do problema. O Mapa, por meio da assessoria
de imprensa, informou que enviou equipe de técnicos ao local e deverá se
manifestar quando houver mais informações.
O Departamento de
Saúde Animal (DSA), ligado ao Mapa, disse que esse tipo de ocorrência
não é raro em caso de confinamento de gado, "mas este chamou a atenção,
devido ao grande número de animais mortos”. O Departamento diz, no
entanto, que como não se trata de uma doença transmissível, "não é
desencadeada uma ação de emergência. Somente a propriedade fica
interditada até solução do problema".
Em nota, informou ainda
que, neste caso, as suspeitas são de que a silagem de milho úmido que
estava sendo fornecida ao confinamento estava contaminada com a toxina
que causa o botulismo.
O DSA diz ainda que não recebeu comunicado
oficial, a notificação foi feita na unidade veterinária local que fez o
atendimento e pela investigação clínica e epidemiológica. A informação
fica registrada no serviço veterinário oficial e os dados serão enviados
ao DSA para compilação e comunicação de rotina aos organismos
internacionais. No total, morreram mil e 100 animais.
*texto atualizado às 18h25 para acrescentar poscionamento do Mapa sobre o caso
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