Mariana Jungmann - Repórter da Agência Brasil
Em uma sessão tumultuada, o Conselho de Ética do Senado decidiu, por 12 votos a 2, arquivar a denúncia contra as seis senadoras que ocuparam a Mesa Diretora do Senado por cerca de oito horas para tentar evitar a votação da reforma trabalhista, em julho.
As
senadoras Ângela Portela (PT-RO), Fátima Bezerra (PT-RN), Gleisi
Hoffmann (PT-PR), Lídice da Mata (PSB-BA), Regina Sousa (PT-PI) e
Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) estariam sujeitas a penas que podiam
variar entre censura e advertência pelo conselho, mas não à cassação do
mandato em razão de se tratar de denúncia e não de representação.
A
denúncia já tinha sido aceita pelo presidente do conselho, senador João
Alberto Souza (PMDB-MA), que convocou a reunião para que fosse eleito o
relator da matéria. No entanto, logo no início dos trabalhos houve
bate-boca entre senadores de oposição, contrários à denúncia, e da base
aliada, que cobraram respeito à decisão do presidente do conselho. A
reunião precisou ser suspensa por dez minutos.
Exaltado, o
senador Lindbergh Farias (PT-RJ) acusou os membros do conselho de
estarem “desmoralizados” para processar as senadores depois que
decidiram arquivar, por falta de provas, uma representação contra o senador Aécio Neves (PSDB-MG). Em resposta, o senador Gladson Camelli (PSD-AC) acusou os oposicionistas de fazerem “baderna”.
No
retorno da reunião, o senador Humberto Costa (PT-PE) apresentou questão
de ordem em nome das senadoras acusadas pedindo que o presidente
reconsiderasse a decisão de acatar a denúncia. Na questão, o senador
apontou problemas formais na apresentação da peça inicial da denúncia e
defendeu, no mérito, que ela fosse rejeitada por considerar que a
conduta das senadoras não configurou quebra de decoro parlamentar.
“A
peça, a par de não ter enquadramento jurídico, legitimidade de partes e
indicação de representados, impõe-se como uma tentativa de intimidação e
de levar para o campo de julgamento moral uma tática política de
minoria”, alegou.
Ao fim, a questão de ordem foi submetida ao
plenário e aprovada pela maioria. Com isso, o processo contra as
senadoras será arquivado, não podendo ser apresentada nova denúncia
sobre o mesmo fato no colegiado.
Edição: Amanda Cieglinski
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