O
volume de crédito no Brasil aumentou 248,8% entre junho de 2006 e junho
de 2016, passando de R$ 897,5 bilhões para R$ 3.130,4 bilhões, valor
que inclui as operações com recursos livres (disponibilidades dos
bancos) e os recursos direcionados (aqueles que as instituições têm a
obrigação de reservar para operações determinadas pelo Banco Central
como, por exemplo, a canalização de 65% da poupança para a habitação).
Os
dados são da Associação Nacional dos Executivos de Finanças,
Administração e Contabilidade (Anefac). A pesquisa mostra que, em
relação ao Produto Interno Bruto (PIB), a soma das riquezas produzidas
no país, houve um avanço de 19,5 pontos percentuais. Em junho de 2006,
os empréstimos eram equivalentes a 32,4% do PIB e, em junho deste ano, o
percentual subiu para 51,9%.
As operações com recursos livres
atingiram R$ 1.569,4 bilhões em junho último, ante R$ 447,2 bilhões, em
junho de 2006, uma alta de 250,9%. Para as pessoas físicas, o volume
passou de R$ 214,2 bilhões para R$ 799,6 bilhões, com crescimento de
273,3%, e, no caso das empresas, de R$ 232,9 bilhões para R$ 769,8
bilhões, um aumento de 230,5%. Também foi constatada ampliação na média
dos prazos de pagamento nesses últimos dez anos, passando de 9 meses
para 37,9 meses.
O diretor Executivo de Estudos e Pesquisas
Econômicas da Anefac, Miguel José Ribeiro de Oliveira, observou, no
entanto, que apesar da melhora na oferta de crédito nos últimos dez
anos, a piora recente no desempenho da economia do país levou a um
aumento no custo do dinheiro, na inadimplência e na redução dos prazos
para a quitação.
Taxas de juros sobem
Entre
junho de 2006 e junho deste ano, as taxas de juros das operações de
crédito com recursos livres subiram nove pontos percentuais (de 43,2%
para 52,2% ao ano). Para as pessoas jurídicas ocorreu alta de apenas 1,5
ponto percentual (de 28,8% para 30,3%), enquanto para as pessoas
físicas houve um avanço de 15,6 pontos percentuais (de 55,8% para
71,4%).
O spread bancário (diferença entre o custo de
captação dos bancos e as taxas de juros cobradas dos clientes) teve alta
de 11,7 pontos percentuais (de 28% para 39,7%).
Para as empresas, a elevação foi de 4,6 pontos percentuais (de 13,6% para 18,2%). Já em relação às pessoas físicas, o spread aumentou 17,9 pontos percentuais (de 40,6% para 58,5%).
As
pessoas jurídicas tiveram prazo médio de 25,9% em junho deste ano, com
ampliação de 254,8% sobre o mesmo mês de dez anos atrás quando esse
tempo girava em torno de 7,3 meses. Para as pessoas físicas, as
instituições financeiras elevaram o período de parcelamento em 374,5%,
passando de 11 meses para 52,2 meses.
Inadimplência
Os
atrasos de pagamento por um período superior a 90 dias estão maiores,
aponta a Anefac. Enquanto em junho de 2006, 4,6% dos compromissos
assumidos não estavam em dia, em junho de 2016 a proporção subiu para
5,6% do total das operações.
Em relação a empréstimos tomados por
empresas, a inadimplência cresceu de 2,3% para 5,1% e, no caso das
pessoas físicas, a proporção caiu, passando de 7,2% para 6,1%.
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