A forte geração de caixa e o aumento dos preços do minério de ferro compensam as incertezas legais e reputacionais em torno da Vale, avaliam analistas do BTG Pactual, que veem potencial de valorização no papel da mineradora após o tombo pela tragédia em Brumadinho que matou mais de 200 pessoas.
Os analistas Leonardo Correa e Gerard Roure elevaram o preço-alvo para o recibo de ações da Vale negociado em Nova Iorque de US$14 para US$15,50, reiterando a recomendação de compra, e prevendo o retorno da distribuição de dividendos no ano que vem após suspensão recente em razão do rompimento de barragem na mina de Brumadinho.
O ADR avançava 0,9% a US$13,11 às 11h30 em Nova Iorque. As ações ON da Vale, negociadas em São Paulo, operavam em alta de 0,6%, cotadas a R$50,20, ainda 10% abaixo do patamar anterior à tragédia, cujos desdobramentos incluem possíveis indenizações, multas, além de custos provenientes de desativação de barragens a montante, em momento no qual atravessa duro escrutínio da mídia e da opinião pública.
Paralelamente, a interrupção em parte da oferta da mineradora elevou a cotação do minério de ferro para a faixa de US$85 a tonelada, substancialmente acima do custo de produção estimado em US$60 a tonelada. A equipe do BTG elevou a projeção para o preço da commodity para uma média de US$76 em 2019, ante US$70.
Além disso, mudou a metodologia de avaliação do papel da Vale, incorporando um alvo de múltiplo de 4,5 vezes o EBITDA – termômetro de geração operacional de caixa –, com mesmo peso do cálculo de fluxo de caixa descontado, a fim de refletir as incertezas de curto prazo.
“Embora haja dúvidas significativas sobre a alocação de capital à frente, está ficando mais claro para nós que a história do fluxo de caixa da Vale pode ser ainda mais significativa após Brumadinho”, dizem Correa e Roure em relatório a clientes. “A resposta da Vale à crise tem sido nada menos que notável, e os mercados vêm gradualmente atribuindo um fator de desconto menor sobre as ações nas últimas semanas”, acrescentam.
(Foto: Vale – Divulgação)
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