(Agência Vale)
SÃO PAULO - Após a histórica reorganização acionária, a Vale (VALE3 +0,17%)
está prestes a enfrentar um outro importante evento e que deve impactar
as suas ações no curto prazo, conforme apontou o Itaú BBA em relatório
desta sexta-feira.
Afinal, foi encerrado nesta semana o lock-up de seis meses estabelecido no acordo de acionistas de agosto
de 2017. Naquele mês, foram concluídas as aprovações de mudanças como
a conversão de ações preferenciais em ordinárias e a incorporação da
Valepar pela Vale.
Durante o período de
“lock-up” há restrições para a venda de ações por parte de
controladores. No caso, da extinta Valepar, integrada por BNDESpar,
Litel Participações - composta por alguns fundos de pensão como a
Previ-- e por Bradespar e Mitsui & Co.
Com o lock-up vencendo, o Itaú BBA destaca que cerca de 869 milhões
de ações ficariam "livres" para serem vendidas no mercado, totalizando
R$ 40 bilhões. A estimativa é de que alguns acionistas controladores da
mineradora poderão manter suas posições. De qualquer forma, a
expectativa é de que os acionistas vendam de R$ 13 bilhões a R$ 17
bilhões em papéis da mineradora.
O BNDESPar e os fundos de pensão provavelmente venderão ações, enquanto a Mitsui e a Bradespar deverão manter suas fatias, segundo o relatório do Itaú BBA. Já o Previ deve vender entre 20% a 40% da participação livre para reduzir a exposição, enquanto Funcef e Petros poderiam vender toda a sua participação livre, por necessidade de liquidez. Funcesp e BNDESPar, por sua vez, poderiam vender toda a sua participação livre devido à reorganização dos portfólios, aponta o Itaú BBA.
De acordo com o relatório assinado por Marcos Assumpção, Daniel
Sasson e Carlos Eduardo Schmidt, a operação pode ser feita através de um
block trade [leilão agendado por um grande investidor/ ou grandes
investidores para se desfazer de uma quantidade significativa de ações] o
que é preferível por ser mais rápido e menos oneroso, ou através de uma
oferta de ações, segundo o relatório.
Porém, não há motivo para os investidores ficarem muito preocupados
com essa "enxurrada" de ações da Vale no mercado. Em primeiro lugar, por
que esse movimento já era esperado e, inclusive, já comentado pelos
representantes dos acionistas da mineradora.
Em dezembro, o presidente
da Previ, Gueitiro Genso, ressaltou que nenhum integrante do acordo de
acionistas da mineradora deveria fazer movimento de saída “desenfreada”
da companhia após o vencimento do período de “lock-up”, um dos pontos
ressaltados também pelo Itaú BBA.
Além disso, apesar de criar diluição no curto prazo, a oferta em
potencial é positiva, avaliam os analistas. Isso porque, além de elevar a
liquidez da Vale em 10%, deve levar a um aumento no número de membros
independentes do conselho em futuras eleições.
Transparência e aumento da governança corporativa foram alguns dos
pontos destacados pelo mercado para ter gostado tanto da reorganização
societária na companhia. A oferta de ações, mesmo que significar uma
diluição ou até mesmo uma pressão vendedora no curto prazo, será
positiva para a mineradora.
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