A siderurgia brasileira enfrenta, desde outubro do ano
passado, uma conjuntura extremamente desfavorável. Inicialmente, por ser uma
grande indústria exportadora face ao fato do mercado interno não absorver
integralmente sua produção, sofre os efeitos da forte queda na demanda,
comércio e preços do aço no mercado mundial. Esse processo de declínio foi
bastante acentuado desde setembro de 2008, a partir da eclosão da crise dos
subprimes nos Estados Unidos e seus efeitos sobre toda a economia internacional.
Como consequência, o mercado internacional ficou super ofertado, ocasionando
queda de preços na ordem de 40% a 60%. O consumo de aço nos países
desenvolvidos caiu para cerca da metade dos níveis registrados até julho/agosto.
Os produtos mais relevantes na pauta de exportações de aço do Brasil estão
sendo comercializados, em grande parte, a preços inferiores a seus custos.
Refletem uma situação de queima de estoques por empresas que necessitam fazer
caixa ou uma política comercial agressiva por parte de siderúrgicas de outros
países que tentam manter níveis mínimos de produção, ainda que remunerando
apenas custos variáveis. Essas políticas são, em várias economias, suportadas
por subsídios governamentais. Como conseqüência natural desse cenário observase,
em grande número de países, a adoção de medidas de defesa dos respectivos
mercados através do aumento das alíquotas de importação ou de outros mecanismos
capazes de evitar danos à indústria local, decorrentes de importações
oportunistas e/ou predatórias. A partir de outubro, os três principais setores consumidores
da siderurgia brasileira (automotivo, construção civil e bens de capital)
reduziram drasticamente suas compras diante da queda no consumo e
imprevisibilidade para 2015.
Os resultados de janeiro ate maio último são praticamente
iguais aos de dezembro e refletem a forte desaceleração do nível de atividade
dos setores que são grandes consumidores de aço. Diante desse quadro interno e
das dificuldades para aumento ou mesmo preservação das exportações, as empresas
siderúrgicas foram obrigadas a recorrer à redução de produção, através da
paralisação total ou parcial de algumas usinas, além de adiamento de investimentos
programados. Tratando-se de indústria de alta intensidade de capital e custos
fixos elevados, a operação das usinas a apenas 50% ou 60% de sua capacidade tem,
inevitavelmente, impactos relevantes sobre os resultados das empresas que fácil
mente sentido no município de Açailândia-MA onde nos 05 primeiros meses 304
trabalhadores já foram demitidos.
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